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NEGÓCIO EM FOCO
Flexibilizar horários e personalizar atendimento são algumas das ações praticadas
Educação infantil não é brincadeira
TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do clima lúdico, conduzir um estabelecimento de educação infantil -seja um berçário,
seja uma pré-escola- não é brincadeira. No setor em que a demanda nunca se esgota, a exigência da clientela é crescente e pede
investimentos constantes.
Por se tratar de serviço atrelado
à confiança do cliente, o empreendedor deve estar disposto a
perseguir a qualidade. "Mais que
metas financeiras, o comportamento e a estratégica são os definidores da viabilidade", enfatiza
Gilberto Rose, 54, consultor do
Sebrae-SP (Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas).
Preocupação constante com higiene, reposição de materiais, decoração e, claro, contratação de
equipe qualificada, são algumas
das regras permanentes para
quem se lança nesse mercado.
Ao lado delas, diferenciais como
propostas pedagógicas ousadas,
flexibilidade de horários e personalização do atendimento são algumas das estratégias cada vez
mais usadas no setor.
Há um ano, a pedagoga Marlise
Rodembusch apostou todas as
economias para abrir a escola
Quintal do Saber, voltada a crianças de três meses a seis anos de
idade. "Foram quatro meses até
termos o primeiro aluno."
Aos poucos vieram os clientes,
atraídos por diferenciais como
oferecer refeições personalizadas
e lavar as roupas das crianças.
Para injetar investimento, Rodembusch abriu sociedade aos
funcionários. Hoje, um porteiro,
uma berçarista e uma cozinheira
também são donos do negócio,
que planeja inaugurar sua segunda casa no final deste mês.
Na Grão de Chão, da pedagoga
Maria Cecília Franzini, 46, a classe
média alta foi o público escolhido
para consumir a proposta focada
em arte, música e teatro. A mensalidade salgada de R$ 616 por
meio período não reduz o volume
de alunos, que supera uma centena em grupos de até 12 crianças.
"Os pais bancam o projeto",
analisa Franzini, que uma vez a
cada bimestre recebe os alunos
para dormir uma noite na escola
sem custo extra. "Eles adoram, e
os pais podem sair", observa.
Sociedade
Na maioria dos casos, as iniciativas na área de educação infantil
são conduzidas em sociedade. Os
sócios são parentes, funcionários
e, muitas vezes, pais de alunos.
Mas escolher bem o parceiro é
uma lição a ser estudada.
Dona da escola Sonho Meu, a
empresária Alessandra Caravetti
Cestari já está na quarta sociedade. Depois de tentar uma psicóloga e uma mãe de aluno, decidiu
optar pela irmã como parceira.
"Não pode ser qualquer pessoa
que se interesse pela proposta, é
preciso ter afinidade pedagógica e
disponibilidade de tempo. Além
disso, há meses em que é preciso
abrir mão do lucro para investir
na escola", comenta Caravetti.
Multiplicação
Quem tem visão aguçada para
perceber oportunidades consegue até gerar novos negócios a
partir da operação inicial. Foi o
que aconteceu na pré-escola bilíngue Red Brick, que há dois anos
originou uma nova empresa -a
Blue Brick- para dar aulas de inglês aos seus ex-alunos.
"Percebemos que não havia no
mercado uma escola de idiomas
capaz de lidar com crianças fluentes em inglês aos seis anos. Então
a Blue Brick foi concebida para
acompanhar nossos ex-alunos,
mas acabou fisgando também
crianças que eram fluentes porque haviam vivido com os pais no
exterior", explica a diretora Maria
Gabriela Queiroz Ferreira, 33.
Por hora
Nem escola, nem lazer. A idéia
da bióloga e pedagoga Inês Helena Reingenheim, 55, foi inventar
um espaço que recebe as crianças
por hora, cobrando taxas entre R$
12 e R$ 18. Batizado de Passatempo, o local fica aberto até 22h mediante agendamento prévio.
"Atraí avós que cuidam de netos
pequenos e que nunca têm muito
tempo livre para eles mesmos.
Eles encaram a Passatempo como
uma etapa de transição entre casa
e escola", revela Reingenheim.
Gilberto Rose, do Sebrae-SP,
considera a complacência nos horários uma âncora. "Quem é mais
cúmplice nas dificuldades de horário dos pais sai ganhando."
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