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RAINHAS DO DOMINGO
Merchandising "social" patrocina "dia de princesa" na TV; para as empresas, o retorno obtido não é direto, mas institucional
Marcas são atração no papel de "fadas"
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Alguém escreve uma carta para
um programa de televisão e pede
ajuda para resolver problemas
-quer um "dia de princesa". Isso
significa passear de carro com
um apresentador conhecido, mudar o visual e ganhar muitos prêmios, alguns deles em dinheiro.
Mas quem lucra com esse dia
não é só a "princesa". Quem doa
um novo penteado, um tratamento dentário ou um plano de saúde
pode ter mais benefícios do que
aqueles que recebem as doações.
Pequenas e médias empresas,
além de redes de franquia, são as
grandes doadoras desse tipo de
atração -que, com diferentes
nomes, mas formato semelhante,
é exibido por emissoras como
Bandeirantes, Record e SBT.
Em troca dos brindes, ganham a
exposição de sua marca e de seus
produtos, além de créditos com
telefone, site e endereço na tela.
"Posso mostrar a marca na TV
com preço acessível e usar o dinheiro de forma produtiva", diz
Rinaldo Antonio Garcia Romera,
39, dono das lojas Global, de Atibaia (SP), que doa brinquedos no
"Domingo da Gente" (Record).
A Global investe cerca de
R$ 8.000 por mês em doações na
TV. Romera conta que o retorno é
institucional. "Não consigo medir
isso em faturamento, mas a empresa ficou bem mais conhecida."
Populares
O custo para a exibição em rede
nacional de um comercial de 30
segundos no intervalo do "Domingo Legal" é de R$ 86,2 mil, segundo a tabela de preços do SBT;
um minuto e meio de merchandising no "Domingo da Gente" custa cerca de R$ 18 mil, informa o
apresentador Netinho de Paula.
O perfil da audiência é popular.
Dos que vêem as doações de Netinho, por exemplo, 59% são mulheres, 77% têm mais de 18 anos, e
81% são das classes C, D e E.
"Há três anos vi na TV uma
"princesa" sem dente. Liguei e disse para mandarem para mim",
lembra o dentista Ivan Gomes, 36,
dono da clínica Odonto-Cienc. "O
programa me ajudou muito a
crescer. Hoje a ajuda é mais importante do que a divulgação."
A Mister L, pequena empresa
que fabrica máquinas de pizzas,
de fraldas e outras, afirma que as
aparições dão resultado. "Registramos aumento em torno de
40% no número de ligações", diz
Eliana Branco, da área comercial.
"Crescemos cerca de 50% em
dois meses e meio", diz o diretor
comercial da Plena Saúde (assistência médica), Ricardo Villegas.
Cerca de 70 "princesas" e familiares ganharam um ano de cobertura (segundo ele, não é possível calcular o investimento). "Há quem
gaste R$ 200 mil por mês em
anúncios, sem ter tanto retorno."
Aparecido Freita, 45, consultor
comercial da transportadora Status Baby, conta que a empresa fechou bons negócios após doar
uma mudança para João Pessoa
(PB) no programa "Sabadaço"
(Bandeirantes). "Não foi nada
fantástico, mas houve retorno."
A rede de franquias de cursos
profissionalizantes Microlins diz
investir R$ 300 mil por mês em
ações sociais -R$ 200 mil vão para doações na TV-, com planos
de dobrar os valores até dezembro. "Em vez de gastar milhões
em anúncios, já demos cursos, casas, empregos, carros e computadores", diz Marcelo Toledo, diretor nacional de franquias da rede.
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