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Escolher plano mais adequado à empresa evita desperdício de dinheiro e surpresas após ocorrência do dano
Seguro certo não surge por acidente
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Mais importante do que fazer
um seguro para sua empresa -e
isso não é tão fácil quanto se imagina- é fazer o seguro certo, na
medida das necessidades e do
bolso. Da escolha do corretor à
ocorrência do sinistro (prejuízo
ou dano), é grande a chance de o
pequeno empresário tropeçar.
"Que aconteceu?", disse Alonn
da Fonseca, 12, quando entrou na
última terça-feira na "LAN house" -espécie de fliperama que
disponibiliza jogos com computadores em rede- do empresário
André Dantas, 22, aberta há um
mês na zona oeste de São Paulo.
A loja estava vazia: um dia antes,
os 11 computadores haviam sido
furtados -por um buraco feito
pelos assaltantes na parede do
fundo do estabelecimento. "Vou
fechar as portas", afirmou Dantas. O garoto ainda argumentou:
"Mas eu tinha uma hora grátis".
Sem resposta, foi embora.
"Fico com o coração apertado,
mas desisto. O prejuízo é de R$ 23
mil. Não tenho como repor", contou o empresário. A empresa não
tinha seguro dos equipamentos
furtados. "Até tentamos contratar
um [seguro], mas não encontramos quem fizesse", reclamou.
Dantas tem um pouco de razão:
parte das seguradoras não aceita
seguros de "LAN houses" e empresas do ramo de informática.
Representantes de grandes seguradoras do país confirmam, pedindo anonimato, que a razão da
recusa é a alta frequência de assaltos e até mesmo de "golpes" em
companhias do gênero.
"Lucros cessantes"
Enfrentando dificuldades, dizem corretores de seguros, o empresário não deve desistir. O conselho é verificar quais as saídas
encontradas por quem está há
mais tempo no negócio. Segundo
eles, no caso das empresas de informática, alarmes e dispositivos
de segurança podem diminuir os
riscos e atrair as seguradoras.
Rodrigo Fogaça Azevedo, 24,
dono de uma "LAN house" próxima à de Dantas, conta que fez o
seguro, mas que não previu tudo
o que deveria. Quando foi roubado, no início deste ano, descobriu
o sentido do termo jurídico "lucros cessantes". "Ficamos 45 dias
parados, mas pagando salários,
aluguel, luz, todas as contas."
Economizar no que não deve e
fazer gastos desnecessários são
dois "pecados" cometidos com
frequência pelo pequeno empresário, lembra Sandra Regina Fiorentini, consultora jurídica do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São
Paulo). "Sem seguro contra incêndio, há o risco de perder tudo.
Mas é preciso avaliar. Para uma
empresa de motoboys, pode ser
mais importante ter seguro de vida dos funcionários", afirma.
Ônibus na porta
Sem o seguro contra "impacto
de veículos" -em geral, indicado
para lojas localizadas em ladeiras-, o casal de despachantes
Orestes e Luzia Giannetti teve
uma desagradável surpresa em
março. Um ônibus destruiu o
portão e o letreiro de seu escritório, que fica em uma esquina no
centro de São Paulo. Restou-lhes
um processo contra a viação e a
promessa de fazer o seguro.
Já Alexandre Guimarães, 40,
que tem uma firma de representações, conta que irá pelo caminho
inverso -deixará de fazer seguro. "Para mim não compensa.
Nunca usei e acho que nunca vou
usar", disse. Segundo ele, seu seguro só cobre situações muito específicas. "Não faz sentido me resguardar de um risco inexistente."
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