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CAPA
Inovação, ações de marketing e atenção ao capital de giro evitam o abre-e-fecha de negócios
Planejamento tira empresa do "limbo"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Apesar de a área de entretenimento e lazer ser considerada arriscada pelos especialistas, não é
sinônimo de negócio efêmero.
O Kart In, voltado ao kartismo
indoor (em local coberto), abriu
as portas há seis anos em São Paulo e teve de esperar a poeira baixar
para conquistar o seu nicho.
"Iniciamos quando os kartódromos estavam começando a fechar, depois da grande onda que
houve entre 1994 e 1995", conta
o gerente Vasco Sizenio, 39.
Para ele, o diferencial foi investir
no profissionalismo para ganhar
clientes envolvidos com o esporte.
Assim, foram aplicados cerca de
R$ 200 mil em equipamentos e na
construção de uma pista de grande porte, com painéis eletrônicos.
"De dois anos para cá, o faturamento subiu e se mantém", diz.
Inovações
Investir onde está o agito rendeu dividendos a Ricardo Canepa
Barbosa, 32. Aproveitando o movimento de regiões como Campos
de Jordão (SP) e a Vila Olímpia
(zona oeste de São Paulo), ele visou um público mais fiel do que
os clientes da boemia.
"O ponto é determinante, e meu
foco não está nos frequentadores
noturnos, porque o restaurante
serve do café da manhã ao jantar",
diz Barbosa, que hoje concentra
as atividades só no empreendimento da capital, o Qualyfruit.
A vida do negócio não depende
só do planejamento inicial. Deve-se ficar atento à concorrência e ao
público. E criatividade é essencial
para alcançar a longevidade.
"É preciso fazer adaptações,
modificações e trazer novidades
para continuar competitivo no
mercado", diz Antônio Cosenza,
56, professor de marketing da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp), ligada à
Fundação Getúlio Vargas.
Mudança é a palavra-chave para
manter a clientela, na opinião de
Lamberto Percussi, 39, sócio-proprietário da Vinheria Percussi.
O negócio surgiu em 1985, como uma casa de vinhos. Percebendo que o público era pequeno
e que não tinha capital de giro para tocar a loja, herdada da família,
transformou-a em um restaurante, mantendo a loja. "O segredo da
longevidade é a inovação."
Ele reforma os ambientes todos
os anos, troca louças, atualiza o
cardápio, montou uma rotisseria
no local e hoje fabrica sua massa.
Planejamento
Para Claudemir Galvani, diretor
da Meta Consultoria, outro requisito essencial para o negócio não
morrer na praia é ter uma boa
poupança. "Muitos fecham por
falta de capital de giro", diz.
Sem esse recurso, completa Alberto Borges Matias, 44, professor
da FEA-USP, "a maior parte das
pequenas e microempresas morre ainda em sua fase de crescimento". Ele calcula que o empresário deve destinar ao capital de
giro 20% do investido no negócio.
Ele também dá o exemplo de
um erro comum: comprar o imóvel onde está instalada a empresa.
"Isso acontece especialmente
com quem vende à vista e compra
a prazo. O empresário aplica o dinheiro no imóvel e depois fica
descapitalizado para enfrentar
eventualidades, como uma queda
de vendas", afirma Matias.
Outras preocupações que devem entrar na pauta é a pesquisa
do público-alvo e a publicidade.
De folhetinhos a anúncios em veículos de massa, vale tudo para
continuar na memória do seu público e ter mais anos de vida.
"O empresário precisa ter disciplina e tirar cerca de 5% do faturamento para ações de marketing",
diz João Abdalla Neto, do Sebrae.
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