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BRINDE AOS CLIENTES
Dois meses depois da lei seca, bares amargam prejuízo
Medidas como levar o cliente para casa mostram-se ineficientes para aumentar a freqüência nos locais
Rafael Hupsel/Folha Imagem
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No Porto Luna, os clientes que vão em grupo elegem o amigo que irá ficar sem beber; em contrapartida, ele ganha um jantar
MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Implementar medidas como
levar o cliente para casa ou dar
desconto para quem não bebe,
mas acompanha amigos que
gostam de "molhar o bico", não
foi suficiente para equilibrar o
prejuízo causado pela lei seca
em bares e restaurantes.
A norma, em vigor há quase
dois meses, torna ilegal dirigir
com concentração de álcool a
partir de dois decigramas por
litro de sangue e pode ocasionar multa de R$ 955, perda da
carteira de motorista ou detenção do condutor, dependendo
do teor alcoólico flagrado.
A menor quantidade de pessoas embriagadas ao volante
diminuiu o índice de mortes no
trânsito: no primeiro mês de
aplicação da lei, o número de
mortos em estradas federais
caiu 12% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Entretanto, reduziram-se
também o movimento e o lucro
de alguns segmentos.
Segundo Percival Maricato,
diretor jurídico da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes), o prejuízo sofrido por empresas do setor foi
de 30% a 40%, apesar das medidas que, na avaliação dele, "foram somente paliativas".
No Bar da Dida, que fica nos
Jardins (zona oeste), o movimento caiu cerca de 40%. Para
atrair a clientela, a proprietária
Adriana Oddi, 32, deixou à disposição dos clientes um carro
com motorista para levá-los para casa de graça, mas a medida
não teve sucesso. "Em uma semana, se usaram duas vezes
[o carro], foi muito", lembra.
Apesar do desfalque no caixa,
a empresária se diz a favor da
lei. "Não agüentava mais bêbado fazendo xixi fora do vaso."
Barriga cheia
Se, por um lado, o consumo
de bebidas alcoólicas caiu, as
pessoas passaram a comer
mais, de acordo com os empresários ouvidos pela Folha.
Foi pensando justamente na
fome do cliente que o bar Porto
Luna, no Itaim Bibi (zona oeste), fez uma promoção para
angariar freqüentadores.
De acordo com o sócio-proprietário Marcelo Mello, 35, a
cada grupo de quatro pessoas,
aquele que não bebe, ou seja,
o "amigo da vez", ganha um
jantar completo, com todas as
bebidas não-alcoólicas incluídas. "Conseguimos recuperar
15% do movimento, o que é um
bom sinal, uma vez que havíamos perdido 30%."
Com isso, o empresário diz
que consegue atrair grupos
maiores de amigos, o que compensa a redução do consumo
com a lei seca.
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