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Burocracia "emperra" fechamento
Taxa de R$ 120 é a única a ser paga por contribuintes que estão em dia com as obrigações tributárias
DANIELLE BORGES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Encerrar um negócio deveria
ser algo que a gente pudesse fazer
por telefone." Com essa frase, o
auditor Fernando Guerra, 55, resume o sonho dos brasileiros que
passam pela via-crúcis que é fechar legalmente uma empresa.
É unanimidade entre eles que a
burocracia "emperra" o processo
de encerramento e incha o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ). Afinal, dependendo da
situação, são tantas certidões, formulários e visitas a órgãos públicos que há chances de o empresário se perder no caminho
-acompanhe no quadro ao lado.
Atualmente, o CNPJ possui 14,7
milhões de empresas, das quais 8,2
milhões continuam
ativas e 3 milhões
foram canceladas.
Os 3,5 milhões restantes flutuam numa espécie de "limbo" -apesar de registradas, empresas
são consideradas
inaptas (sem funcionamento), o que
preocupa a Receita
Federal.
"O brasileiro,
em geral, acha que
fechar uma empresa
é baixar as portas. A
maior parte dos
contribuintes não
sabe o que fazer, não
entende quais são
suas obrigações como pessoa jurídica.
Eles simplesmente abandonam as
empresas", explica Elaine de Souza, 42, chefe do CAC-Luz (Centro
de Atendimento ao Contribuinte,
da Receita Federal).
O conceito de empresa ativa não
se refere apenas ao fato de haver
fluxo de caixa, mas a algo mais
amplo: se ela continua exercendo
suas atividades e se está em dia
com as obrigações tributárias.
É justamente esse um dos dois
principais problemas de não
cumprir o processo de encerramento: continuar pagando os impostos. Não poder abrir outro negócio é o segundo inconveniente.
Dívidas
As chamadas empresas ativas
não-regulares compõem o universo daquelas companhias que
continuam em atividade, mas que
estão em falta com o fisco -seja
pelo não-pagamento de impostos, seja pela ausência de comprovação dos pagamentos.
Dos 8,2 milhões de empresas
ativas no país, 5,7 milhões estão
nessa categoria. Apenas 2,5 milhões (30%) se encontram em situação completamente regular.
No Estado de São Paulo, que
responde por 28% dos registros
do país, a situação praticamente
se repete: dos 2,3 milhões de empresas ativas, só 30% estão totalmente em dia com as obrigações
fiscais (pagamento dos impostos
devidos a cada ano e declarações
do Imposto de
Renda). Ficar em
débito com qualquer um desses
quesitos pode "emperrar" o processo
de encerramento.
Taxa única
A única taxa que
deve ser paga pelo
empresário é de R$
120, referente ao
arquivamento do
processo na Junta
Comercial.
"Quando o empresário vai fechar
uma empresa, só
precisa provar aos
órgãos competentes que esteve em
dia com seus deveres de contribuinte", diz Guerra.
"Se não for esse o caso, ele terá
de colocar a casa em ordem para
depois iniciar o processo de encerramento. Não dá para colocar
a bagunça acumulada ao longo
dos anos em um quarto e fechar
as portas", completa o tributarista
Eduardo Pincelli, 27.
Outros eventuais gastos referem-se a multas -relativas ao
atraso na entrega da declaração
do Imposto de Renda e à falta de
depósito do FGTS- e ao pagamento de impostos atrasados,
além dos honorários de profissionais contratados.
Marcelo Manhães, presidente
da Junta Comercial de São Paulo,
estima em R$ 500 os gastos com
atrasos de documentos.
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