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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Preocupação ainda não gera impacto nos negócios das pequenas
Consumidor final segue alheio à opção
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia de que preocupação
com natureza é tarefa para quem
tem dinheiro "sobrando" ainda é
um considerável empecilho à popularização da responsabilidade
ambiental entre micro e pequenos empresários.
Some-se a isso o fato de que, enquanto para as grandes manter
um sistema de gestão ambiental
otimizado é fator determinante
para negociações internacionais,
o cliente final brasileiro ainda é
pouco sensível ao assunto.
Na prática, produtos ambientalmente responsáveis ainda não se
revelam mais atrativos aos olhos
do comprador. "O pequeno empresário embarca nessa mais por
consciência do que por qualquer
outra coisa", analisa Estevão Braga, 28, coordenador de desenvolvimento de mercado e responsabilidade corporativa da Imaflora.
A empresa certifica marcas que
utilizam madeira reflorestada e
que comercializam produtos agrícolas cultivados sem agredir o
ambiente. "Ao mesmo tempo que
ainda não conseguem lucrar mais
com o conceito, os empresários
de menor porte desempenham o
papel de formadores de opinião",
completa Braga.
O designer André Marx,
proprietário da marca homônima
de móveis produzidos exclusivamente com madeira oriunda de
manejo sustentável, escolheu a
opção "ambientalmente correta"
nos anos 90.
Em 1996, a movelaria foi a primeira microempresa a adquirir o
selo da Imaflora no país, segundo
ele conta. "Até hoje só atendi uma
cliente que me procurou porque
fazia questão de um móvel certificado, e era uma japonesa", afirma
Marx. "O mercado brasileiro ainda não se importa com isso."
O designer desenvolveu, há alguns anos, um curso de manejo
florestal sustentável aplicado à
marcenaria. Para sua surpresa, o
programa é solicitado por universidades, não por empresários.
"Ainda não é uma prática do setor
empresarial. A academia é quem
mais se interessa", explica ele.
Mas é justamente a academia
quem pode transferir conhecimentos para o mercado e mudar
essa situação. Pelo menos na opinião de Rosana Filomena Vazoller, 40, professora de microbiologia ambiental da USP que dirige a
OAK Educação Ambiental.
"Usamos a ciência para alavancar projetos socioambientais sob
encomenda para empresas públicas e privadas", define ela. A
maior procura? "Continua sendo
das grandes", confirma.
Parcerias
Vazoller recomenda a microempresários parcerias com
universidades para ter amparo
técnico na hora de abraçar a responsabilidade ambiental.
"Diferentemente das causas sociais, em que o amor acaba ditando caminhos, projetos ambientais
pedem um norte tecnológico. Um
estudante de biologia levado como estagiário a uma empresa, por
exemplo, pode dar colaborações
valiosas", ensina a especialista.
Ela enfatiza que ações interessantes podem ser emplacadas
sem gastos exorbitantes. Uma delas, bastante simples, é descobrir
o conteúdo da Agenda 21 juntamente com os funcionários.
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