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FINANÇAS
Para fugir das taxas das administradoras, comércio oferece descontos em compras com cheque
Lojistas "boicotam" cartões de crédito
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Cansados de apenas reclamar
das taxas cobradas pelas operadoras de cartão de crédito e débito,
os lojistas resolveram agir, oferecendo desconto aos clientes que
pagam à vista com cheque.
O abatimento chega a 10% em
uma rede de lojas de moda feminina em São Paulo. "Prefiro dar
esse benefício ao cliente a pagar a
taxa dos cartões", diz o proprietário, que não quis se identificar.
Segundo ele, a taxa de operação,
somada à da antecipação de pagamento no caso dos cartões de crédito (expediente usado quando o
lojista precisa de capital de giro)
resulta nos 10% de desconto.
Nem o risco do cheque sem fundos intimida os comerciantes ouvidos pela Folha. "Apenas 0,5%
dos cheques recebidos não têm
fundos", diz Percival Maricato,
presidente do sindicato dos restaurantes da cidade de São Paulo.
As taxas das administradoras podem variar de 2% a 6%.
Algumas das 20 lojas da rede de
franquias Morana Acessórios
aderiram à prática e oferecem 5%.
"Já tentamos negociar com as financiadoras, mas só obtivemos
0,5% de abatimento", diz Eduardo Morita, diretor de marketing.
Ao lado das taxas, é preciso
computar ainda o aluguel das máquinas leitoras dos cartões. "Pago
R$ 75 por mês para manter cada
máquina, e cada cartão tem a
sua", diz José Petrone, dono da loja de calçados Siglio.
Inflação
Os lojistas apontam ainda a inflação como ponto negativo para
trabalhar com cartões. "Quando o
cliente opta pelo crédito, a gente
só recebe depois de 30 dias", diz
Petrone, que dá desconto de 5%
no cheque para clientes antigos.
Para Marcel Solimeo, diretor da
Associação Comercial de São
Paulo, a administração dos cartões de débito é cara porque é cobrada sobre o valor da operação,
em vez de ser um montante fixo.
Dados da Abracheque (associação de empresas de garantia de
cheque) confirmam a tendência.
De 1999 para 2002, a emissão de
cheques superiores a R$ 300 subiu
de 454,8 milhões para 505,7 milhões de folhas.
Segundo Carlos Pastor, presidente da entidade, a inadimplência caiu de 1,13 milhão de cheques
em 2001 para 265 mil em 2003.
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