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NO MESMO BARCO
Cálculos e conhecimento do negócio são condições
Sucesso vincula-se à formalização e à constante avaliação da parceria
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A união entre concorrentes
de pequeno porte pode fortalecê-los ao ponto de tomarem
mercado de grandes "players"
do setor em que atuam. Mas é
preciso recalcular sempre a eficiência da parceria.
"Há exemplos de mercados
mais maduros nos quais os
pequenos, organizados, começam a incomodar os grandes,
como no segmento de supermercados", diz Lemílson de
Almeida, do Provar-FIA.
De acordo com a Abras
(Associação Brasileira de
Supermercados), o número de
lojas de supermercado filiadas
a centrais de compra -união de
empresas com o intuito de melhorar a barganha com fornecedores- teve aumento de 45%
entre 2002 e 2006.
O faturamento dessas centrais praticamente dobrou no
período -passou de R$ 8,2 bilhões para R$ 15,9 bilhões.
Mas ainda falta medir e desenvolver métricas que avaliem
a eficiência das parcerias, destaca Almeida. Ele está trabalhando em um estudo cujo objetivo é formatar medidas para
avaliar a eficiência de modelos
de negócios -entre eles, as
parcerias entre concorrentes.
"Quão mais eficientes as empresas ficam ao criarem acordos? É importante calcular isso, porque a parceria é um risco. Depende-se do outro, abre-se mão de alguma soberania."
Ele acrescenta que os acordos implicam custos e que também é preciso criar instrumentos para avaliar o acordo, mudando os rumos quando isso
for necessário.
Nos estudos preliminares
que desenvolveu, Almeida notou que as empresas, em sua
maioria, ainda não sabem formalizar os acordos e colocar no
papel as responsabilidades de
cada uma delas.
Agentes externos
Guilherme Tiezzi, professor
do Ibmec São Paulo e membro
da ONG Value Builders, aponta
que boa parte das parcerias de
sucesso depende de um agente
externo que organize os grupos
e estimule a cooperação.
São exemplos os atacadistas,
no caso das centrais de compra
do varejo, e os órgãos como o
Sebrae e a Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo). "[Precisar dos agentes]
é um dos principais desafios de
acordos entre concorrentes."
Outro obstáculo é descobrir a
"alma" de cada negócio. Para se
associar, diz Tiezzi, é preciso
saber o que a empresa faz de
melhor e juntar forças naquilo
em que a firma tem dificuldades, para que os membros
mantenham a identidade, mas
se complementem.
Contudo, de acordo com pesquisa recente do Observatório
das MPEs (micro e pequenas
empresas), do Sebrae, lançada
em junho deste ano, mais de
80% dos micro e pequenos negócios não têm uma missão por
escrito nem uma estratégia clara de segmentação de mercado.
Mais de um terço não sabe o
que acontece na área em que
atua, diz Marco Aurélio Bedê,
coordenador do Observatório.
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