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Parte do terceiro setor rejeita conceitos "comerciais" do franchising, como a busca de resultados
Sistema ainda enfrenta resistência
DA REDAÇÃO
Mesmo com a disseminação do
conceito de franquia social entre
ONGs e empresas do setor privado, ainda não é possível dizer que
se trata de um mecanismo já amplamente aceito no terceiro setor.
Entre as dificuldades apontadas,
está a resistência de algumas
instituições à introdução do franchising no segmento social.
"Sobretudo para entidades mais
antigas, falar em marketing ou
franquia é o mesmo que citar
satanás", compara Fernando Credidio, da Parceiros da Vida. O
problema mais grave é a confusão
entre os termos utilizados nas
franquias comerciais e os empregados no modelo social.
"Existe um paradigma por parte
das pessoas que pensam que franquia é sinônimo de hambúrguer.
Mas, se dá para multiplicar hambúrgueres que fazem dinheiro,
por que não utilizar o conceito para fazer o bem?", indaga a consultora Ana Vecchi. Para desfazer a
dúvida do apelo comercial das
franquias, foram criadas novas
terminologias, como a substituição de "lucro" por "resultado" ou
"benefício social".
"A franquia é um meio, não um
fim. É uma ferramenta de negócios para expandir produtos e serviços, e as ONGs se encaixam perfeitamente nesse perfil", acrescenta Eduardo Gomor dos Santos, consultor do Grupo Cherto
(consultoria de franchising).
Defensora da propagação de
franquias sociais no país, a empresária Viviane Senna condena
o "preconceito" com a nova ferramenta. "Se a caridade não resolveu o problema do país em 500
anos, não é agora que vai fazê-lo.
Por isso é importante construir
uma tecnologia mais adequada."
Saia-justa
A utilização dos recursos financeiros, sobretudo numa metodologia em que são cobradas taxas
de serviços e mensalidades para
manutenção dos projetos, é outro
empecilho para a aceitação sem
restrições das franquias sociais.
"O que deve ficar claro é que o
franqueado não vai ter lucro, e
que esse não é o objetivo", alerta
Guilherme de Farias Shiraishi, 25,
que criou um plano de negócios
para o Projeto Curumim (lojas
que vendem itens de ONGs).
"A obrigação do lucro existe,
mas não o financeiro, pois o que
for superávit deve ser reinvestido
no próprio sistema", explica
Eduardo Gomor dos Santos.
Para alguns, o próprio conceito
de franquia social apresenta desvantagens, como a dependência,
às vezes exagerada, da franqueada em relação à ONG "matriz".
"Ter de cumprir as regras da
franqueadora e até enviar recursos para ela dificulta, ainda mais
no começo. Sem contar que as
empresas estão diminuindo de
tamanho, o que torna difícil conseguir espaço para franquias", diz
Carmen Cabral Franco, da Empresa & Programa Educar (profissionalização de jovens), originada de uma franquia social.
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