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Demanda por sistemas de proteção faz setor de segurança eletrônica ter crescimento de 20% ao ano
Violência pesa no caixa das empresas
Fernando Moraes/Folha Imagem
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Tiago Gomes mostra dispositivo instalado em escritório de advocacia para controlar a entrada |
BRUNA MARTINS FONTES
MIRELLA DOMENICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para proteger os negócios contra a violência, os empresários estão tendo de colocar a mão no
bolso. Segundo especialistas, as
empresas investem, em média, de
1% a 2% de seu faturamento bruto em segurança interna. No setor
bancário, em que o risco é maior,
o valor empregado chega aos 4%.
A atenção dedicada a medidas
de proteção do patrimônio da
empresa, de seus profissionais e
dos clientes não é exclusiva de
quem tem um grande negócio.
A preocupação maior dos que
possuem uma loja ou um escritório de pequeno ou de médio porte
é com assaltos à mão armada e
furtos internos, afirma o consultor Carlos Paiva, 51, presidente do
comitê de segurança empresarial
da Agência Brasil de Segurança.
Para prevenir esse tipo de ação,
muitos empresários têm investido na segurança eletrônica e vêm
engordando o faturamento das
empresas que oferecem equipamentos, como alarmes e câmeras
de televisão, e serviços, como os
de monitoramento à distância.
De acordo com a Associação
Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança
(Abese), o mercado para esse setor cresce, em média, 20% ao ano.
Em 2000, o faturamento total do
setor chegou a US$ 650 milhões,
ou seja, cerca de R$ 1,6 bilhão.
Custo-benefício
Há pouco mais de um ano, o escritório de advocacia Gouvêa
Vieira Advogados, por exemplo,
investiu R$ 16 mil em um sistema
de segurança que restringe a entrada de pessoas na empresa.
Somente funcionários com crachá codificado conseguem entrar
e sair. "Depois de uma análise do
custo-benefício, esse foi o sistema
que consideramos mais adequado", afirma o advogado Leonardo
Moreira Costa de Souza, 26.
"Antes de investir, é preciso calcular o nível de risco do local de
trabalho e o valor do seu patrimônio", recomenda Carlos Caruso,
53, consultor de segurança.
Essa análise, de acordo com ele,
deve levar em conta mais do que a
possível perda material e incluir
também os prejuízos que a empresa teria, por exemplo, ao ficar
sem informações de arquivos.
"Não é cabível desembolsar
mais do que o valor do bem a ser
protegido, a não ser que sua recuperação seja difícil ou muito onerosa", completa Paiva.
Gastos sobre rodas
O ônus da violência é mais alto
quando a segurança é externa: de
10% a 12% do valor do bem transportado é gasto para mantê-lo seguro. Até 1995, os custos com segurança no transporte de cargas
nem chegavam a 3%, diz Marcelo
Necho, da Graber Rastreamento.
Robson Cardeira, diretor da
Marselha Transportes, transportadora de contêineres de produtos para importação e exportação
do porto de Santos (SP), optou
por um sistema de monitoramento via satélite para vigiar 24 horas
a trajetória de seus 48 caminhões.
"Há três anos, desde que o sistema foi instalado, só houve um
roubo, e a carga toda foi recuperada." Cardeira investe mensalmente 17% do faturamento bruto
da empresa em proteção. Além do
sistema de monitoramento via satélite, ele mantém na sede, em
Santos, um circuito interno de
TV, vigias e seguranças armados.
Perdas ocultas
Se os números assustam, eles
também escondem custos da violência difíceis de serem medidos.
O roubo de carga, por exemplo, é
um dos crimes que mais rendem
perdas financeiras às empresas.
"Quando um caminhão transportando produtos é roubado, a
marca também sofre uma perda
na sua imagem", avalia o consultor de segurança Antonio Celso
Ribeiro Brasiliano, superintendente da Brasiliano Associados.
E esse "custo" pode atingir as
demais atividades da empresa,
como as vendas: "Os roubos de
carga significam um acréscimo de
20% no frete", calcula Paiva.
Assim, por mais oneroso que
seja, o investimento na prevenção
geralmente sai mais barato do que
o gasto para recuperar o prejuízo.
"As empresas de varejo e de comércio perdem de 1% a 2% com
roubos de carga. Por isso gastar
de 1% a 2% em segurança não é
nada absurdo", diz o engenheiro
eletrônico Hélio Ferraz, professor
de segurança eletrônica na Universidade Anhembi Morumbi.
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