UOL


São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003


Próximo Texto | Índice

Redes hoje tentam ser flexíveis e compartilhar as experiências internamente

Nova geração dá mais voz a franqueados

Patrícia Santos/Folha Imagem
Loja da Mundo Verde, que adota idéias de franqueado


EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Esqueça-se dos antigos manuais de regras que chegavam a amarelar nas gavetas. As redes de franchising estão revendo os seus processos de gestão e conferindo aos franqueados um poder de influência cada vez maior na definição de estratégias de negócio.
A nova ordem nas franquias tem alicerce em um conceito desenvolvido, nos anos 90, pelo consultor americano Peter Senge: o "learning organization" (ou organização que aprende continuamente). Trata-se de empresas que renovam sempre suas diretrizes, de acordo com o que aprendem com o mercado, com os parceiros e com seus funcionários.
Na prática, essa máxima pode se traduzir em um maior envolvimento dos franqueados na discussão de políticas de gestão e de táticas operacionais de uma rede.
"Na era da inteligência, em que o conhecimento é o ativo mais importante, não faz sentido desprezar as parcelas de informação que estão na cabeça dos franqueados", diz Marcelo Cherto, presidente do Instituto Franchising.
André Giglio, sócio da consultoria Francap, afirma que a adequação dos conceitos do franqueador ao perfil de cada franqueado está mais flexível. "Há liberdade para a definição dos meios, mas os fins a que se deve chegar são bem controlados", avalia.
Itens como forma de remuneração dos funcionários ou promoções adotadas podem ficar a cargo do franqueado. Mas objetivos como volume de vendas a ser atingido e atendimento exemplar ao cliente são imutáveis.
Em paralelo, outra definição assume lugar de destaque na orientação das franquias. É a de "branding" -que pode ser traduzida como "trabalhar a marca".
Segundo esse preceito, o negócio deve buscar a valorização da marca "como cultura, como maneira de fazer as coisas, de pensar e de agir", explica Ricardo Guimarães, presidente da consultoria Thymus Branding. "O valor total da empresa dentro do mercado é determinado pela sua atratividade de talentos, de capital, de consumidores, de fornecedores."

Tempo desperdiçado
Por isso tanto o franqueador como o franqueado devem, em parceria, fomentar ações que fortaleçam o nome da rede, em todas as etapas de produção, de comercialização e de promoção do produto ou do serviço oferecido.
Segundo pesquisa da Redinteligente, consultoria de gestão e performance, os varejistas do país gastaram, nos últimos cinco anos, 80% de seu tempo em tarefas que pouco agregam valor ao seu negócio (confira quadro na pág. 3).
"Esse sistema foi montado em um ambiente de cultura inflacionária, em que se esperava que o cliente procurasse o ponto-de-venda", avalia Marco Pinheiro, diretor-presidente da Redinteligente. "Agora, o consumidor tem de ser procurado", completa.
Segundo os especialistas, o modelo demanda forte ligação do consumidor com a marca, e quem deve promovê-la é sobretudo o franqueado. Na nova geração do franchising, são priorizadas atividades como identificar oportunidades, lidar com ameaças e desenvolver habilidades pessoais.
Tudo é feito a "várias mãos". E essa integração entre franqueados e franqueadores tem sido obtida por meio de intranet ou mesmo da internet. Algumas franquias já usam softwares que permitem que sugestões de franqueados sejam listadas, classificadas e analisadas. As melhores e mais viáveis são adotadas em todas as lojas.


Próximo Texto: Diálogo assume papel maior, diz dirigente da ABF
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.