São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006


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"MADE IN BRAZIL"

Microempresas visam reduzir custos de capital; pequenas buscam conquistar mercados

Porte influi na venda fora do país

Renato Stockler/Folha Imagem
Na Magiart, os produtos para o Brasil vieram depois das exportações


CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ingressar em outros mercados e conquistar e diversificar os tipos de cliente ou reduzir custos de capital: qual a principal motivação para as empresas ganharem o mercado externo? A resposta varia conforme o tamanho do empreendimento. O que move as pequenas é a possibilidade de atingir outro público. As micro importam-se mais com questões como financiamento e crédito baratos. As conclusões fazem parte de um estudo elaborado pelo engenheiro e professor de pós-graduação da FIA (Fundação Instituto de Administração) Fernando Martinson Ruiz, apresentado como dissertação de mestrado na FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade). Para a elaboração do trabalho foram ouvidas 102 empresas de micro e pequeno portes durante todo o ano passado. "Esses objetivos diferentes provêm muito da sensibilidade diferenciada entre as firmas. As pequenas começam a perceber mais fortemente as motivações e as vantagens em exportar. As micro têm estrutura tão limitada que não há tempo ou recurso para investimentos ou riscos e, por isso, não vêem ganhos com exportação", analisa Ruiz. O estudo aponta ainda que as MPEs têm um comportamento oportunista em relação às exportações, uma vez que não há conhecimentos sobre a importância de benefícios de longo prazo, como aprendizado, melhoria da imagem dos produtos e aumento do "networking". O sócio-fundador do Projeto Terra, pequena empresa de produtos ecológicos, Ricardo Pedroso, é um dos que identificam no exterior uma oportunidade para ampliar a clientela. Atualmente, a empresa exporta cerca de US$ 20 mil ao ano para a Grécia e os EUA. "Os estrangeiros são mais conscientes da importância dos produtos ecológicos e feitos por comunidades carentes", opina.

Interesses diferentes
O microempresário Marcos Antonio Silva, da Magiart, conhece bem as vantagens de enviar seus produtos para fora. Mapeou oportunidades no exterior e, hoje, envia 40 cubas de sobrepor, uma espécie de pia, ao mês para os Estados Unidos. As exportações têm até aberto portas para Silva no Brasil. "Como ainda não posso expandir o volume de exportação, aproveito o espaço no forno para fazer xícaras, pires, pratos e vasos de argila exclusivos e vendo-os aqui. É uma maneira de complementar a renda e baratear o produto que exporto."

Produção a mais
Uma das conclusões do estudo mostra que microempresas buscam outros países para dar vazão ao excesso de produção. No entanto, para Marta Rabello, assessora de economia da Fecomercio, na prática, as MPEs dificilmente trabalham com excedente porque não têm capital de giro suficiente para estocar a mercadoria. Fernando Ruiz esclarece: "Exportar o excedente é característica de micro e pequenas firmas que atuam em nichos específicos". Segundo ele, por serem produtos e serviços bastante segmentados, o mercado interno está bem suprido e a melhor maneira de desová-los é por meio da exportação. O consultor de comércio exterior do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Jaime Akila Koshi ensina: "O processo de exportação deve vir acompanhado de um estudo de mercado, da necessidade e da extensão da demanda do produto". Segundo ele, uma maneira de conhecer o mercado externo é participar de feiras internacionais ou rodadas de negócios.
Colaborou RAQUEL BOCATO, da Reportagem Local

LEIA O ESTUDO NA ÍNTEGRA -
www.teses.usp.br


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