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New York Times

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Fazendas dos EUA voltam a usar cavalos

Por ANNE RAVER

HARTLAND, Vermont - O dia estava um pouco encoberto e com uma brisa fresca: perfeito para arar. Dava para ouvir o canto dos pássaros e o tilintar dos arreios.

O artista e ex-monge beneditino Stephen Leslie guiava dois cavalos da raça fiorde pelo campo.

O arado, uma lâmina de aço curvilínea, pesando 136 kg, rasgava a terra e a retorcia em ondas escuras. Ele avançava a passos rápidos, inclinando-se para trás sobre as correias amarradas atrás dos seus ombros e mantendo as mãos livres para guiar o arado.

"Fiquem à direita, fiquem à direita", dizia Leslie aos cavalos em voz baixa e calma quando eles se aproximavam do fim do campo.

Com 1,40 metro de altura e 430 kg, esses animais, já adultos, podem ser perigosos se estiverem assustados. Mas, em comparação a raças como Clydesdaleou Percheron, que podem pesar até 1.100 kg, eles parecem pôneis grandes e musculosos.

Leslie, 52, e sua mulher, Kerry Gawalt, 38, usam um trator para os trabalhos mais pesados da fazenda Cedar Mountain, de sua propriedade. Mas, quando se trata de trabalhar a terra, eles empregam quatro cavalos fiordes.

Essa é uma das cerca de 400 mil operações da América do Norte que empregam cavalos de tração, estima Lynn Miller, editor da publicação "Small Farmer's Journal", em Sisters (no Oregon), que há mais de 40 anos usa cavalos na lavoura.

Após a Segunda Guerra Mundial, quando os agricultores trocaram dezenas de milhões de cavalos por tratores -"Não havia lugar para os cavalos, exceto na fábrica de cola", disse Miller-, o uso dos animais despencou. Na década de 1970, algumas raças antes populares haviam minguado à casa dos milhares.

Mas, "desde então, o número de cavalos de trabalho e de mulas de tração tem crescido constantemente", disse Miller, autor de vários livros sobre o tema. "As pessoas são atraídas pela maneira de trabalhar com os animais e pela volta do contato com a natureza."

Os fiordes de Leslie aram as lavouras, espalham adubo, cultivam hortas, aparam os campos de feno e retiram troncos da floresta no inverno.

Leslie, sua mulher e a filha deles, Maeve, 6, são parte de uma comunidade de 60 membros estabelecida em 1998, a Cobb Hill, que busca uma vida sustentável.

Suas 23 casas estão agrupadas sobre um monte com vista para a lavoura, onde aproveitam melhor o sol.

No local, há duas fornalhas a lenha -que garantem calefação e água quente no inverno-, painéis solares -que aquecem a água no verão-, banheiros de compostagem -que dispensam água e fossas sépticas- e equipamentos compartilhados, como cortadores de grama.

Leslie acredita que as pessoas de hoje anseiam por uma conexão com coisas vivas. Por isso, ele acha que a agricultura com cavalos terá um verdadeiro renascimento.

"Acho que as pessoas estão famintas por um tipo de realidade desplugada", acredita.


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