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New York Times

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Artista faz cidade em miniatura

Por LISA W. FODERARO

Paul Busse caminhou de maneira decidida da catedral de St. Patrick ao Museu Guggenheim. De lá, foi para a Biblioteca Pública de Nova York. Certificou-se de que as samambaias e as heras emolduravam as fachadas corretamente, que os lintéis de pau-canela estavam firmes e que os trens corriam com suavidade.

Busse é o mestre construtor de uma aldeia liliputiana onde cascas de bétula, miolos de flor de lótus, faias e fatias de kumquat reproduzem marcos de Nova York, em meio aos quais circulam trens em miniatura. Há duas décadas, dezenas de milhares de pessoas visitam nesta época do ano essa maquete ferroviária, o Holiday Train Show, no Jardim Botânico de Nova York.

Há sete anos, Busse, que vive no Kentucky, soube que sofre do mal de Parkinson. Aos 63, com as mãos cada vez mais rígidas, ele precisa agora delegar responsabilidades aos artesãos que o ajudaram a criar essa e outras maquetes no país inteiro.

"Sempre fui uma pessoa de pôr as mãos à obra e odeio ter de parar", disse Busse recentemente, enquanto supervisionava a instalação da maquete no Conservatório Enid A. Haupt, no Jardim Botânico do Bronx. Ele não constrói mais as maquetes pessoalmente, nem instala as complicadas estruturas na paisagem. No entanto, diz, "parece que eu multipliquei minhas mãos por 25. Está sendo uma alegria ver que milagres maravilhosos eu consigo".

Se Busse parece saído de um filme de Frank Capra, talvez seja porque ele conseguiu transformar a sua paixão infantil pelos trens e o mundo natural em uma carreira de sucesso, ainda que num campo -ele chama de "mecânica botânica"- que é praticamente sinônimo de "nicho".

O jardim botânico procurou-o pela primeira vez em 1992 para criar uma maquete ferroviária para as festas de fim de ano. Ao longo dos anos, ele construiu 140 estruturas para a coleção do jardim, indo de um casarão rural de 20 centímetros a uma reprodução da ponte do Brooklyn, com 4 metros de altura.

Neste ano, Busse e sua equipe, que inclui seu filho, Brian, e seu sobrinho Jason, irão instalar uma dezena de maquetes temporárias no país, inclusive no Jardim Botânico dos Estados Unidos, em Washington, no Morris Arboretum, na Filadélfia, e no Jardim Botânico de Chicago. O Bronx exerce uma atração especial. "Para mim", disse ele, "o Jardim Botânico de Nova York é como que o zênite dos jardins".

A parceria é igualmente frutífera para o jardim botânico. No ano passado, o evento atraiu 216 mil pessoas. Ele se tornou uma tradição natalina de Nova York, comparável à árvore do Rockefeller Center e às vitrines da Quinta Avenida.

Busse comanda uma oficina de 420 m2 a cerca de 30 metros da sua casa, em Alexandria, no Kentucky. Sua empresa, a Applied Imagination, emprega 15 artistas e técnicos o ano todo e contrata extras para o final do ano. Ele se encantou pelas locomotivas na infância, quando seus pais construíam maquetes ferroviárias - pelo prazer deles próprios, não do menino, jura Busse.

Paisagista de formação, Busse, no passado, vasculhava os bosques atrás de materiais vegetais que pudessem servir como detalhes arquitetônicos. Gavinhas eram um substituto natural dos ornamentos de ferro. Folhas de magnólia funcionavam bem como telhado de cobre. Duas cascas de pistache reproduziam perfeitamente um bumbum de querubim. Hoje em dia, ele despacha os funcionários para esse extrativismo.

Busse disse que gostaria de construir uma réplica do Cloisters, a filial do museu Metropolitan, no Upper Manhattan. Mais ao norte, ele sempre teve um carinho pela Octagon House, residência particular de tons róseos em Irvington, em Nova York, que ele compara a um bolo de noiva vitoriano. "Está na minha lista", afirmou ele.

Seu filho não tem dúvidas de que Busse fará outras maquetes.

"Embora fisicamente ele esteja se contraindo, emocionalmente ele está se abrindo", disse Brian. "É tudo questão de ensinar e confiar."


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