|
Próximo Texto | Índice
OMBUDSMAN
Ponte partida
BERNARDO AJZENBERG
É fácil perceber no quadro
ao lado qual sequência de
edições mais se aproximou do
leitor, ao menos no que diz respeito a um problema concreto de
sua cidade -no caso, São Paulo.
A notícia é a explosão de um
caminhão na marginal Tietê na
madrugada do sábado 8 que danificou uma ponte, gerou interdição e desvio da rota, um engarrafamento que, naquele sábado, atingiu 28 km de extensão.
Anteviam-se problemas graves
e prolongados numa via crucial,
afetando milhões de pessoas, inclusive moradores de cidades
próximas, sem falar de ônibus e
caminhões.
Na edição de domingo, a Folha deu um pequeno registro,
com uma fotografia, ao pé da
pág. A15 (a foto foi trocada numa edição encerrada mais tarde
pela imagem do eclipse da Lua).
No mesmo dia, seu principal
concorrente, "O Estado de S.Paulo", publicou a notícia no alto de
uma página do caderno "Cidades". Tal destaque permaneceu
nas edições seguintes -em nenhuma deixou de ser manchete
em alguma página.
Na Folha, o caso não foi o primeiro destaque de nenhuma página em nenhum dia.
Na quarta-feira, quando a novidade era que a Prefeitura concluíra a construção de uma pista
alternativa para escoar o trânsito (informação útil ao leitor), a
notícia só ganhou uma "Panorâmica". Só na quinta, com duas
belas fotos tiradas de cima (uma
na capa e outra em página interna), o jornal mostrou ter se dado
conta da relevância do tema.
Diferentemente do concorrente, a Folha é obrigada, por razões industriais, a "fechar" o seu
caderno Cotidiano de domingo
na madrugada do sábado.
Qualquer notícia "quente", a
partir daí, tem de ser editada no
primeiro caderno, cujo último
horário é o das 23h45, com total
de páginas já delimitado.
Isso pode explicar em parte o
pouco espaço dedicado ao acidente na edição do domingo.
Ainda assim, parece-me evidente que faltou sensibilidade para
operar eventuais remanejamentos na edição, a fim de valorizar
adequadamente o ocorrido.
O mais grave, porém, é ter essa
insensibilidade perdurado nos
quatro dias seguintes, enquanto
o caos se instalava no tráfego de
veículos da região.
A Folha deveria sempre poder
dizer, de boca cheia, a seu leitor:
sou útil porque seleciono e ofereço com a devida hierarquização
as informações e as análises de
que você necessita para conhecer, formar opinião e tomar decisões nas áreas da política, economia, cultura e comportamento,
mas também pelos serviços que
presto ao seu dia-a-dia.
Sobre o último item, ao menos
quanto aos leitores paulistanos e
das cidades próximas, o jornal
não pôde se sentir à vontade, na
semana, para fazê-lo. A ponte,
aqui, esteve partida.
Próximo Texto: Dor e cautela Índice
Bernardo Ajzenberg é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato
de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade
por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor
-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Bernardo Ajzenberg/ombudsman,
ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|