São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2000

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Natal sem prêmio

Para marcar o início da temporada de consumo natalino, a Revista da Folha reuniu há uma semana histórias de pessoas que, em anos anteriores, ganharam prêmios milionários em concursos promovidos por shoppings.
Nenhum problema com esses relatos, alguns bastante curiosos, e sim com o texto que os introduziu, um lamento contra portaria do Ministério da Fazenda sobre os sorteios, "uma tal barafunda burocrática que tornou praticamente inviável a distribuição de Ferraris, iates e outros objetos do desejo".
Na sequência o jornal emendou o protesto do presidente da associação de lojistas, para quem a medida "é absurda, fora de propósito e burocrática".
Na mesma linha, a frase destacada acima da matéria acusou a portaria de fazer "minguar os sorteios que recheavam o bolso do consumidor".
Como registrei na crítica de segunda-feira, seria mais exato dizer que os prêmios estimulam as compras de muitos e recheiam o bolso de uns poucos felizardos.
Pelo lado do governo, apenas um secretário declarando que seu trabalho é fazer cumprir a lei. Justo ou não, motivo deve ter havido para a decisão, mas não foi dado ao leitor entendê-lo (falou-se algo sobre exigir que os lojistas estejam com os impostos em dia, o que não parece nenhum absurdo).
Para completar, o jornal informou que um dos shoppings paulistanos deu um jeito de promover outro tipo de concurso para manter o prêmio milionário (um helicóptero). Não foi explicado por que outros não pararam de chorar e adotaram a mesma tática.
Somadas as informações omitidas, chega-se a um pequeno exemplo de como é possível produzir, na Folha, um texto que cairia melhor no jornal da associação de lojistas.


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