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Natal sem prêmio
Para marcar o início da temporada de consumo natalino, a
Revista da Folha reuniu há uma
semana histórias de pessoas que,
em anos anteriores, ganharam
prêmios milionários em concursos promovidos por shoppings.
Nenhum problema com esses
relatos, alguns bastante curiosos,
e sim com o texto que os introduziu, um lamento contra portaria
do Ministério da Fazenda sobre
os sorteios, "uma tal barafunda
burocrática que tornou praticamente inviável a distribuição de
Ferraris, iates e outros objetos do
desejo".
Na sequência o jornal emendou o protesto do presidente da
associação de lojistas, para
quem a medida "é absurda, fora
de propósito e burocrática".
Na mesma linha, a frase destacada acima da matéria acusou a
portaria de fazer "minguar os
sorteios que recheavam o bolso
do consumidor".
Como registrei na crítica de segunda-feira, seria mais exato dizer que os prêmios estimulam as
compras de muitos e recheiam o
bolso de uns poucos felizardos.
Pelo lado do governo, apenas
um secretário declarando que
seu trabalho é fazer cumprir a
lei. Justo ou não, motivo deve ter
havido para a decisão, mas não
foi dado ao leitor entendê-lo (falou-se algo sobre exigir que os lojistas estejam com os impostos
em dia, o que não parece nenhum absurdo).
Para completar, o jornal informou que um dos shoppings paulistanos deu um jeito de promover outro tipo de concurso para
manter o prêmio milionário
(um helicóptero). Não foi explicado por que outros não pararam de chorar e adotaram a
mesma tática.
Somadas as informações omitidas, chega-se a um pequeno
exemplo de como é possível produzir, na Folha, um texto que
cairia melhor no jornal da associação de lojistas.
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