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Opinião

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Raymundo Damasceno Assis

TENDÊNCIAS/DEBATES

Francisco, a juventude e o Brasil

Preocupa-nos o contingente de jovens afastados do convívio religioso. Eles ainda têm fé, mas já não acham necessária a mediação da Igreja Católica

O Brasil vive a expectativa da visita do papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude do dia 22 ao 28 de julho. É sua primeira viagem internacional desde que assumiu o pontificado, há quatro meses.

Essa circunstância é motivo para despertar o interesse de todo o mundo, que, encantado, acompanha os primeiros passos do bispo de Roma. Ele chama a atenção sobretudo por ser o primeiro papa latino-americano e por ter adotado o simbólico nome de Francisco, tão caro a crentes e não crentes.

O sorriso e a simplicidade do papa, sua proximidade com os pobres e a sistemática lembrança deles em seus gestos e palavras revelam Francisco como um pastor disposto a se derramar de zelo e amor pelas ovelhas. Suas palavras, simples e diretas, nascidas em um coração tomado de profundo desvelo pastoral, atingem o íntimo das pessoas, que se identificam rapidamente por se referirem ao seu cotidiano. A leveza com que o papa as pronuncia, sem prejuízo à clareza, à profundidade e à força, traz novo vigor à igreja e faz renascer o entusiasmo da fé.

Com firmeza, mas sem perder a ternura, o papa Francisco tem indicado caminhos para a renovação de estruturas, desejada há tempos pela igreja. Sua abertura para o diálogo ecumênico e inter-religioso, em continuidade aos seus antecessores, enche-nos de esperança e nos faz vislumbrar a consolidação da unidade que nasce do respeito e do amor fraterno.

No Rio de Janeiro, junto aos jovens do mundo inteiro, teremos a oportunidade de nos aproximarmos ainda mais de Francisco para bebermos da espiritualidade que exala de seus gestos e palavras.

Para cá, ele vem "confirmar seus irmãos na fé", tarefa dada por Cristo a Pedro, confiada depois aos seus sucessores. Ao fazê-lo, de forma especial em relação aos jovens, Francisco os conclama a conformarem sua vida a Cristo, fazendo deles seus discípulos-missionários no compromisso de anunciá-lo a todos os povos.

A visita do papa dará por certo novo ânimo à evangelização da juventude, que tem merecido atenção especial da igreja no Brasil nos últimos anos. Embora tenhamos muitos jovens atuantes em nossas comunidades, preocupa-nos o contingente dos que delas se afastaram.

Não é que deixaram de acreditar em Deus. A fé continua acesa em seus corações. Porém, já não sentem mais a necessidade da mediação da igreja para vivê-la e testemunhá-la. As palavras do papa, inspiradas no Evangelho de Cristo, haverão de abrir os olhos e os corações dos afastados, a fim de que retornem ao convívio da comunidade de fé.

Tampouco passará despercebido ao papa o recente contexto político-social protagonizado de maneira intensa pela juventude brasileira. Ainda ecoa em nossos ouvidos o clamor de centenas de milhares de jovens que, enchendo praças e ruas de nosso país, mostraram indignação com estruturas de poder e ações de governo que ferem a vida e desrespeitam a dignidade humana.

As recentes manifestações em nosso país são um sinal de que, diante da situação de sofrimento em que se encontram tantos brasileiros, os jovens não se deixaram contaminar pela cultura do bem-estar que leva à indiferença a respeito dos outros. Lembrou o papa recentemente em Lampedusa, na Itália: "A globalização da indiferença torna-nos a todos inominados, responsáveis sem nome nem rosto". Não queremos uma juventude alienada e indiferente!

A igreja respira novos ares com o primeiro papa latino-americano. Dele se espera muito também para a construção da paz no mundo. Que sua presença entre o povo brasileiro nos anime no compromisso com a fé, a solidariedade e a justiça social. Bem-vindo, papa Francisco!


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