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Flexibilidade eleitoral
Diante das incertezas acerca do favoritismo de Dilma Rousseff, partidos aliados pressionam PT e ameaçam abandonar base governista
Em meio à mixórdia que caracteriza a formação de alianças eleitorais, vai-se tornando patente a perda do poder de atração do PT. O governo da presidente Dilma Rousseff enfrenta dificuldades em diversas frentes, sua popularidade está em baixa e pesquisas de opinião indicam que a ampla maioria da população deseja mudanças.
Motivadas pelas vantagens fisiológicas de que podem usufruir à sombra do poder, agremiações da base governista hesitam quanto ao melhor caminho a seguir.
Diante das incertezas acerca do favoritismo da candidata petista, apostam suas fichas em alianças regionais que contradizem o alinhamento no plano federal e se aproveitam do ambiente de indefinições para aumentar suas exigências --como faz o PR, que ora pede a troca do ministro dos Transportes para confirmar seu apoio.
Siglas mais decididas já abandonaram a aliança, caso do PSB, de Eduardo Campos (que desde o ano passado optou por candidatura própria), e agora do PTB, atraído pelo tucano Aécio Neves.
Exemplo acabado desse cenário confuso e contraditório é o quadro no Rio de Janeiro. Depois de anos de parceria com o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o PT decidiu lançar Lindbergh Farias ao comando do Estado. O que seria uma candidatura "puro sangue" já se diluiu com o apoio do postulante ao PSB, na figura de Romário, o ex-jogador que concorre ao Senado.
Por sua vez, o atual governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, candidato do PMDB, ofereceu seu palanque ao rival Aécio --e ao pastor Everaldo Pereira, que se lança à Presidência pelo inexpressivo PSC. Por fim, Cabral, de quem se esperava a postulação ao Senado, declinou em favor de César Maia, do DEM, aliado de Aécio.
Houve tempo em que o PT se apresentava no debate público em franca contraposição ao que chamava de política tradicional. Combatia as alianças espúrias e negava-se, às vezes de modo pueril, a coligar-se com outras forças.
Natural que o processo de institucionalização do partido o tenha levado a firmar acordos e alianças. Com o tempo, contudo, a "realpolitik" praticada pelo PT, em especial após a conquista da Presidência da República, chegou a extremos e o deixou na posição que antes rechaçava com veemência.
O próprio Lula, líder máximo da sigla, conclamou seus correligionários a refletir sobre o fato de o partido ter-se tornado igual aos demais. Parece difícil, porém, que a autocrítica saia do plano retórico.
Perdendo adesões e pressionado por todos os lados, não é improvável que o PT torne mais flexíveis os critérios para manter suas composições. Se é que isso é possível.