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Josué Gomes da Silva Humildade e preconceito Foi lamentável a atitude do técnico da seleção de ginástica da China, Huang Yubin, após seu atleta Chen Yibing ser derrotado pelo brasileiro Arthur Zanetti -que ganhou, em Londres, inédita medalha de ouro nas argolas para o nosso país. A reação do treinador contra a decisão dos árbitros, classificando o episódio como "um dia negro na história da ginástica", desrespeitou todos os adversários e conspirou contra o ideal olímpico de congraçamento entre os povos. O treinador asiático foi infeliz em tentar desvalorizar o feito do brasileiro, atribuindo-o a um erro de arbitragem. O mais grave é que Huang não se limitou a uma reação pontual no calor da emoção. Sua atitude preconceituosa permaneceu inalterada, quando depois, já calmo e sereno, escreveu um artigo em sua coluna no portal Sina.com. Infelizmente, não se tratou de fato isolado nesta Olimpíada. A própria China havia sido vítima de atitude semelhante, quando a desconhecida Ye Shiwen, de 16 anos, ganhou duas medalhas de ouro nas piscinas. John Leonard, diretor-executivo da Associação de Técnicos de Natação dos EUA, questionou seu desempenho de modo preconceituoso, insinuando a possibilidade de doping. A mídia chinesa reagiu contundentemente. Porém foi contraditória dias depois, ao acolher a ira de seu técnico de ginástica contra a conquista do ouro pelo nosso brasileiro. Dois pesos, duas medidas dos representantes de Pequim e atitudes inadequadas dos treinadores asiático e norte-americano. Nos esportes, como nos negócios e na vida, nunca é prudente fazer aos outros o que não queremos para nós. Numa analogia com a economia global, a China e outros países aplaudem normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) quando lhes são favoráveis e criticam as mesmas resoluções quando ferem seus interesses. Ora, não se deve julgar tudo sob a perspectiva da mesquinhez. É preciso coerência e grandeza de espírito para não prejulgar. O técnico de natação e o treinador de ginástica perderam imensa oportunidade de exercitar, na prática, a primorosa frase de um chinês que, há cerca de 2.500 anos, já sabia que presunção e incontinência verbal são algozes da justiça: "O silêncio é um amigo que nunca trai", repetiria Confúcio diante desses episódios de Londres. A humildade preconizada pelo grande sábio, num contraponto ao preconceito, também brilhou nesta edição dos Jogos Olímpicos, nas medalhas conquistadas por nossos atletas. Que seu exemplo inspire o Brasil, de modo que possamos, como os britânicos estão fazendo, ter participação expressiva na Olimpíada quando estivermos competindo em casa, em 2016, sob os braços do Cristo Redentor. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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