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Editoriais Aeroportos tomados Foi com a certeza arrogante dos que se consideram acima da lei e com descaso pela sociedade e pelas instituições -numa palavra, escárnio- que o líder do movimento de policiais federais recebeu a determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para pôr fim à operação-padrão que inferniza milhares nos aeroportos do país. Marcos Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, descartou como inócua a decisão judicial, que impõe à entidade multa diária de R$ 200 mil caso não interrompa o procedimento de revistar, um a um, cada passageiro de voos internacionais. Aos repórteres, Wink explicitou como pretende se esquivar da determinação judicial. Sempre se pode argumentar, explicou o agente, que os policiais estão apenas desempenhando a sua função. Para burlar o STJ, o líder sindical disse que basta parar de chamar o abuso de operação-padrão. Só na última quinta-feira, o procedimento provocou atrasos em quase 20% dos voos que saíam do aeroporto internacional de Guarulhos (SP). Formou-se uma fila de embarque estimada em 4.000 pessoas. Policiais rodoviários federais também fizeram fiscalização redobrada nas estradas, só para prejudicar o trânsito. Os policiais federais rejeitam a oferta do governo Dilma Rousseff de aumento de 15% nos próximos três anos. Com a mesma desfaçatez com que ignorou a ordem judicial, Marcos Wink declarou que, se fosse esse o valor do reajuste, os agentes o doariam para caridade. O acinte arquitetado por parcela significativa de policiais federais, que já se voltava contra os cidadãos que lhes pagam salários, não cede nem diante da própria Justiça. É preciso dar um basta a tamanho abuso de poder -desse ponto de vista, aliás, sua atitude pouco se distingue da do policial militar que liga a sirene para furar o sinal vermelho mesmo quando não há suspeito a ser perseguido. Essa "afronta à Constituição", como a definiu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tem de ser repelida. Os agentes devem cumprir imediatamente a ordem do Superior Tribunal de Justiça. Os que insistirem em desrespeitar a lei devem ser identificados e punidos. Não se pode tolerar que um punhado de servidores continue a tomar aeroportos para si. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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