Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Editoriais Promessas sem fundos Propaganda eleitoral de candidatos à Prefeitura de São Paulo prodigaliza propostas sem detalhar recursos para efetivá-las O horário político na TV e no rádio tem péssima fama, e uma primeira semana de vacuidades não contribuiu para melhorá-la. Surpreende, assim, que 64% dos paulistanos prefiram mantê-lo, como constatou pesquisa Datafolha. O contrassenso aparente se dissolve quando se admite que a propaganda eleitoral cumpre função informativa, apesar dos pesares. É o que se depreende da declaração de 62% dos eleitores de que ela ajudará na definição de seus votos. Um terço dos entrevistados (34%), porém, quer que o horário eleitoral seja modificado, com o que concorda esta Folha. Seria recomendável, como se defendeu neste espaço, diminuir o tempo dos programas, flexibilizar o horário de exibição e dedicar parte dos blocos a debates temáticos. Até que a legislação mude nessa direção, a melhoria da propaganda fica nas mãos dos candidatos -melhor dizendo, nas mãos dos confeccionistas de aparências que contratam a peso de ouro. E eles deixam patente, com as peças desfiladas até aqui, que não têm compromisso com propostas exequíveis para problemas urbanos. Por exequível, entenda-se: com estimativa de custo de realização, indicação da fonte de recursos adicionais necessários e explicitação de metas objetivas e mensuráveis. Em se tratando de São Paulo, metrópole em que as pessoas perdem horas preciosas de trabalho e descanso no trânsito, a área de transportes revela-se campo fértil para promessas sem substrato. Os planos de Celso Russomanno (PRB), líder numérico na pesquisa Datafolha, parecem vagos tanto no conteúdo quanto no que respeita ao financiamento: ampliar o uso de transportes públicos, com novos corredores e terminais de ônibus; o candidato não declinou, porém, quanto pretende gastar com isso. José Serra (PSDB), tecnicamente empatado na pesquisa com o adversário do PRB, promete novos trechos de monotrilho, mais barato de construir que o metrô subterrâneo. Não apresentou, tampouco, o detalhamento da conta para tirar o seu "aerotrem" do chão. Fernando Haddad (PT), embolado com o pelotão mediano na pesquisa, foi quem apareceu com a ideia mais falada: um bilhete único mensal, arbitrariamente apelidado de "mensaleiro" pela campanha tucana, embora seja corriqueiro noutras metrópoles do mundo. Estima-se em R$ 400 milhões anuais o custo desses bilhetes. O valor equivale a metade do subsídio que a prefeitura repassará neste ano a empresas de ônibus. Num debate verdadeiro sobre o tema, os candidatos teriam de explicitar de onde viriam os fundos para cumprir suas promessas. Com o horário eleitoral de hoje, podem restringir-se a sacar o que quiserem das cartolas do marketing. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |