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Editoriais Por dentro do euro Grécia ainda pode deixar a eurozona e reintroduzir moeda antiga, mas risco de depressão global força países centrais a encontrar solução Desde a eclosão da crise na zona do euro em 2010, quando o governo socialista da Grécia anunciou que caminhava para a insolvência, autoridades da Europa se debatem com a necessidade de reforçar a confiança na moeda única. É tarefa de grande complexidade, no contexto de recessão e tensão social nos países periféricos da eurozona. É também natural, pelo grau de entropia na negociação entre 17 governos com contas a prestar para os respectivos eleitorados, que os mercados especulem sobre cenários -incluindo o de ruptura da zona do euro, com a ejeção de um ou mais de seus membros. Nos últimos meses, felizmente, surgiu certo grau de convergência no diagnóstico de que a moeda única é uma construção incompleta, que engendra fragilidades para todos que a utilizam. Perde terreno a visão de que os problemas decorrem da suposta irresponsabilidade meridional, da compulsão para consumir mais do que se produz. O euro só será sustentável no longo prazo se os países membros aceitarem partilhar mais os recursos arrecadados localmente, de modo a criar um fundo comum poderoso o suficiente para socorrer economias em estado de choque. Também parece não haver mais objeção relevante a uma autoridade bancária continental, com poderes para liquidar e reorganizar bancos sem distinção de fronteiras. Por fim, é necessário que o Banco Central Europeu (BCE) atue como emprestador de última instância para os governos, algo que sua direção já se disse pronta a fazer. Apesar dos avanços, os riscos ainda persistem, pois há um legado de dívidas. Daí decorre a principal insegurança: é plausível que a recessão e o desemprego levem as populações atingidas a renegar os programas de ajuste e, com isso, a inviabilizar o socorro do BCE. Nesse caso extremo, seria inevitável o país em questão deixar a zona do euro. Provavelmente a míngua de financiamento levaria a controles sobre a fuga de capitais e à substituição do euro por uma moeda nacional. Durante os últimos dois anos, a Grécia foi a principal candidata a inaugurar essa rota. Os europeus parecem agora convencidos da necessidade de evitar tal caminho, pois qualquer defecção na zona do euro, no estágio atual, convidaria o mercado a especular sobre qual seria o próximo país a cair. Todos os agentes públicos e privados do mundo têm contas a pagar e a receber em várias moedas. Inserir o risco de que créditos e débitos em euros passem a ser denominados em moedas nacionais desvalorizadas paralisaria os mercados e deprimiria a economia no mundo como um todo. Em resumo, o cenário mais provável é de manutenção do euro. Para isso, é crucial haver financiamento suficiente para evitar o caos social, em particular na Grécia. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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