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Ricardo Mioto

Tutelar nossos professores

SÃO PAULO - Você vai comer fora. Pede frango e batata frita, simples. Vêm um bife carbonizado e três solitárias e sofridas batatas murchas.

Você reclama. Surge o cozinheiro: "O propósito da gastronomia não é o conteudismo de cardápio! Você é um adestrador a limitar minha autonomia, um autoritário da gastronomia de resultados. Quero é bem-estar".

Inimaginável, mas troque gastronomia por educação e cardápio por currículo e eis o teor de texto recente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação na Folha e de abaixo-assinado de pedagogos de universidades públicas.

Usando a "felicidade na escola" para fugir de cobranças, eles são fortes.

O abaixo-assinado vetou a nomeação, no MEC, de uma "autoritária do conteúdo". Barram ainda um currículo nacional. Ementas mínimas obrigatórias oprimem a liberdade docente.

Mas tal autonomia falhou. Em matemática, 88% dos alunos de 15 anos não entendem gráficos (de 65 países, somos o 57º; em língua e ciências, 53º).

Só servimos gororoba. São urgentes currículos rígidos (em boas escolas pagas, até ditam cada aula), avaliação, salário atrelado a metas (e bom, sim, se batidas) e mesmo jeitos de demitir.

O desprezo ao conteúdo surge cedo.

Veja o curso de pedagogia da USP. Só uma matéria obrigatória de ensino da matemática, mas quatro de filosofia e sociologia da educação -e uma "A constituição da subjetividade".

Há ementas cheias de "mercantilização do ensino" e de "democracia escolar" -lei do menor esforço via autogestão. E a fundamental optativa "Indústria cultural e hip-hop: reflexão sobre cultura de massa, música de contestação e acesso ao masculino".

Nossa produtividade é baixa. Consumo e crédito não vão dar fim ao atraso histórico. Certo, a elite no poder preferiu queimar café a educar a criadagem. Intelectuais não ajudaram. Até Gilberto Freyre, que não era dos piores, defendeu, já em 1980, termos analfabetos. Achava-os espontâneos.

Mas, se enfim há universalização, agora o mal é o corporativismo.


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