São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A economia na política MARIO CESAR FLORES
O intervencionismo autoritário, protetor, cartorial, empresário
e keynesiano do desenvolvimentismo
nacionalista-estatizante dos 1930 aos
1970/80 foi bem-sucedido na ruptura do
modelo agromercantilista colonial, na
construção de razoável infra-estrutura
de energia, comunicações e transporte
(com defeitos, como a ênfase rodoviária) e na industrialização (com a substituição das importações).
Ao fim do século 20, cujos cenários ajudaram a combinar intervencionismo e autoritarismo, correspondeu a exaustão do modelo nacional-desenvolvimentista e o início de sua evolução consentânea com o mundo moderno. Resultado: setores insatisfeitos com a "abertura" pedem protecionismo, enquanto os exportadores competitivos reclamam do protecionismo praticado pelos EUA e pela Europa (mas todos querem dólar alto, que remunera a exportação e encarece a importação competidora). Ressentidos com a redução do apoio que os beneficiava, insistem na "retomada do desenvolvimento", do que ninguém discorda, resta saber como fazê-lo responsavelmente; em última análise, insistem em mais gastos públicos e redução dos cuidados fiscais e dos juros básicos do Banco Central. Por ocasião de decisão cautelosa daquele banco, um industrial declarou "faltar ousadia". É fácil preconizar ousadia quando se é potencial beneficiário de seus efeitos positivos (se ocorrerem) e não se é responsável pelos negativos, como a inflação que atinge tragicamente o povo. Tudo isso ajuda a compreender por que, vez ou outra, alguns atores do capital, do sindicalismo do trabalho organizado e incluído e do corporativismo público (administração direta e empresas estatais, agentes operacionais do Estado), ao mesmo tempo em que tecem loas à democracia, emitem referências elogiosas ao passado, fingindo "ignorar" a dimensão autoritária que estava por trás da viabilização das razões da nostalgia. Mario Cesar Flores, 73, é almirante-de-esquadra reformado. Foi secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (governo Itamar Franco) e ministro da Marinha (governo Collor). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Koichiro Matsuura: O futuro dos valores Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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