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PAINEL DO LEITOR
Diagnóstico e terapêutica
"Contextualíssimo o artigo do professor Marcio Pochmann ("Erros de uma
segunda abolição", "Tendências/Debates", pág. A3, 31/5).
Lembra-nos, de forma pertinente, que
a libertação formal dos negros não foi
acompanhada por medidas que possibilitassem incluí-los na sociedade. Corretamente, afirma que a educação, por si
só, não produz inclusão.
Ao finalizar o artigo, sugere que chegou a hora "de darmos um passo adiante", buscando uma "inclusão cidadã", e reconhece que o atual modelo econômico
revela-se um "entrave intransponível".
Uma pergunta se faz necessária: a alteração positiva do atual modelo econômico -com desenvolvimento, geração de
emprego e de renda- produz, por si só,
a necessária inclusão da população negra
brasileira? Se o professor verificar o notável crescimento que o país experimentou
no passado, reconhecerá que a alteração
do modelo, por si só, revelar-se-á igualmente insuficiente.
O fim da secular exclusão da população negra pede diagnósticos consistentes
como os feitos por Pochmann. Todavia
esses devem vir acompanhados da terapêutica adequada."
Helio Santos (São Paulo, SP)
Ódio
"Gostaria de parabenizar o leitor Valdeci Mariano de Souza ("Painel do Leitor", 28/5), que, com esforço, graduou-se
em física e se prepara para fazer doutorado na Alemanha.
Sorte sua ter se formado em física e não
em educação física, senão poderia ser vítima do ódio implacável da jornalista
Marilene Felinto ("Treinador pessoal",
Cotidiano, pág. C2, 28/5), que, presa em
um engarrafamento, deduziu que aquela pessoa no outro carro, que ela não conhecia, era uma espécie de "michê de luxo", um "assexuado", "covarde".
Sorte da jornalista, que já transitou pela avenida Sapobemba, mas também já
foi a Berlim, a Amsterdã e, com certeza, a
outros lugares desconhecidos dos transeuntes da avenida Sapobemba.
Azar de Marcelo, o "personal trainer",
por passar pela rua Estados Unidos naquela hora para ser julgado e condenado
sem direito à defesa.
Em tempo: não sou "personal trainer",
nem professor de educação física, nem
físico. Sou engenheiro agrônomo, mas
juro, sra. Felinto, que nunca trabalhei
com o cultivo de alcachofras, de ervas
aromáticas ou de qualquer outro tipo de
produto que remotamente pudesse ser
considerado como de consumo exclusivo "daquela gente que frequenta a rua
Estados Unidos".
Deixe-me fora dessa! A barra já está
muito pesada para a gente ainda atrair
ódios gratuitos."
José Nobel Castro Santos (Jaú, SP)
Crimes financeiros
"Ao obrigar a Argentina a deixar de
punir banqueiros por crimes financeiros
contra o país ("Vitória no Senado dá sobrevida a Duhalde", Dinheiro, pág. B8,
31/5), o FMI mostra finalmente a sua
verdadeira face, dando razão a Bertolt
Brecht, para quem maior crime que assaltar um banco é fundar um banco."
César Martins Chagas (São Paulo, SP)
Até que ponto os políticos latino-americanos vão pisar na honra de seus países
para "atender as exigências do FMI"
-como no caso da derrubada da Lei da
Subversão Econômica?
Foram justamente as "exigências do
FMI", cegamente obedecidas por políticos desonestos e arrogantes, que levaram o país a essa situação de decadência
e de desespero.
E os brasileiros? Seremos os próximos
da fila de mais essa humilhação?"
Vera Lucia Cordeiro Abram (Curitiba, PR)
Pobreza
"Parabenizo a Folha pela iniciativa de,
juntamente com o Ipea, debater a miséria no país ("País desperdiça gasto social,
conclui debate", Brasil, pág. A8, 31/5).
É chocante, para um país com tantos
recursos naturais e com tantas potencialidades, verificar que 50 milhões dos
seus filhos (quase um terço) vivem em
situação de indigência.
Para nós, baianos, vítimas do convencimento pela mídia de que "a Bahia está
no caminho certo", é triste saber que
53,9% dos baianos estão em situação de
indigência."
Ildes Ferreira de Oliveira (Salvador, BA)
PT
"Os que agora criticam o PT por sua
abrangente busca de apoio são os mesmos que no passado criticavam-no por
ser sectário e pouco maleável.
Todos sabemos que, caso ganhe as eleições, o PT precisará de uma ampla base
parlamentar que o apóie para implementar o seu programa. Ora, é óbvio que
o PT precisa do apoio de amplos setores
da sociedade, e o que o diferencia do
PSDB nesses oito anos de governo do
PFL é que o PT é o partido hegemônico e
os que o apoiarem estarão de acordo
com o "seu" programa de governo.
Portanto, descontentes com a atual situação de desordem nacional, sejam
bem-vindos!"
Christiane Zalazar (São Paulo, SP)
São Paulo
"Ninguém mais aguenta a cidade de
São Paulo. Ela está grande demais, congestionada demais, sufocante demais.
E, segundo previsão de Aldo Rebouças,
do Instituto de Estudos Avançados, da
USP, poderá ter pouca disponibilidade
de água para consumo.
É preciso retirar daqui o governo do
Estado, como a Constituição paulista já
quis fazer em 1967.
Naturalmente, será uma transferência
demorada, que talvez requeira uma década. Por isso os estudos precisam começar ontem."
Oswaldo Chiquetto (São Paulo, SP)
Voto seguro
"Parabéns à jornalista Marta Salomon.
Primeiramente por sua participação na
equipe do jornalista Procópio Mineiro,
que, em 1982, descobriu e impediu a primeira grande fraude eleitoral eletrônica
no Brasil.
Parabéns também pela coluna "Diferencial delta veste baiana?" (Opinião,
pág. A2, 31/5). Não é só ela que não consegue compreender como se dá a garantia de lisura do processo eleitoral brasileiro. O obscurantismo proposital praticado pelo Tribunal Superior Eleitoral,
que mantém programas de computador
secretos sem dar explicação convincente
nem mesmo à comunidade acadêmica,
só pode provocar dúvidas em qualquer
eleitor de mente inquisitiva.
As recomendações contidas no relatório da Unicamp são exatamente as mesmas apresentadas pelo Fórum do Voto
Eletrônico desde 1996: somente a transparência total poderá dar credibilidade
ao sistema eleitoral.
Nossas únicas garantias são as palavras dos responsáveis: "la garantia soy
yo!'"
Amilcar Brunazo Filho, moderador do
Fórum do Voto Eletrônico (São Paulo, SP)
Estradas
"Em 29/5, na pág. C6 (Cotidiano), deparei com uma reportagem que me causou apreensão quanto à lisura do processo de concessão de rodovias.
Há quatro anos venho acompanhando
situações que, no meu entender, comprometem esse processo. No caso da reportagem mencionada, gostaria de perguntar se interessa a alguém deixar as estradas sob cuidado do Estado se deteriorarem para que se firme, posteriormente, convênio de US$ 240 milhões com o
BID para recuperá-las."
Orivaldo Tenorio de Vasconcelos
(Pirangi, SP)
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