São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Tarefa do eleitor
GERALDO MAJELLA AGNELO
As eleições municipais podem e devem sufragar candidatos competentes e dispostos a perseguir o desafio de superar a exclusão social e as desigualdades humanas, a partir das demandas locais. Estimulamos que a escolha do candidato se faça a partir do seu programa, do respeito ao pluralismo cultural e religioso, do comportamento ético, do compromisso com a justiça e a partir de qualidades como honestidade, competência, liderança, transparência, vontade de servir ao bem comum. Conheça a história de vida do candidato para que seu voto comece a mudar sua própria história de vida! A missão do eleitor consciente não pára, no entanto, no dia das eleições. Urge atenção para a atuação dos eleitos, cooperando com eles, mas exigindo coerência política, cobrando deles fidelidade aos compromissos eleitorais assumidos com o povo. Eleja alguém para representá-lo, não para substituí-lo. Os conselhos paritários são um grande meio para a concretização desse intento. Cabe ao eleitor e à eleitora acompanhar os eleitos no exercício do seu mandato.Geralmente as pessoas nem se lembram mais em quem votaram. As eleições são, também, uma grande oportunidade e um chamado insistente a continuarmos avançando no combate à corrupção eleitoral -um problema extremamente enraizado na nossa cultura política. Infelizmente, muitos eleitores e candidatos ainda acham natural a troca de seu voto por algum favor. A lei 9.840, contra a corrupção eleitoral, uma lei de iniciativa popular, tem sido um instrumento valioso para inibir os que corrompem e os que se deixam corromper no processo eleitoral. É hora de darmos um passo adiante na moralidade pública, aprimorando a cultura democrática, embora saibamos que é preciso percorrer um longo caminho para instalarmos uma nova consciência política. O compromisso com a constante superação da distorção da compra de votos, começando das bases da nossa sociedade, poderá construir novas práticas políticas e nova cultura política -iluminadas pelo lema-chave de toda essa mobilização: "Voto não tem preço, tem conseqüências". A eleição será o momento oportuno para continuar a luta e semear a esperança que eleva o ânimo daqueles que acreditam nas grandes mudanças para o país e se empenham por um Brasil justo e solidário. Vote consciente! Exerça sua cidadania! Que o espírito de Deus ilumine os eleitores e os candidatos eleitos no cumprimento do seu dever! Dom Geraldo Majella Agnelo, 70, doutor em teologia com especialização em liturgia, cardeal-arcebispo de Salvador (BA) e primaz do Brasil, é o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Marco Antonio Villa: A banalização das eleições Índice |
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