São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
MELCHIADES FILHO Caixeiro-viajante BRASÍLIA - Gilberto Kassab entrou na política pela porta da Associação Comercial de São Paulo. Isso talvez ajude a explicar uma trajetória que não para de surpreender. O prefeito, desde sempre, opera a lógica do bom comerciante: identificar demandas do mercado, nem sempre explícitas, e oferecer um produto capaz de atendê-las. Quando FHC se elegeu, o PFL era um partido nordestino. Kassab de pronto se ofereceu para montar a regional do parceiro dos tucanos. Mais adiante, captou o declínio do malufismo e tratou de ocupar o papel de fiel da balança da briga parelha entre PSDB e PT na cidade. Agora, ao criar o PSD, enxergou com nitidez o que outros só vislumbraram: os descontentamentos pontuais de políticos de expressão, a insatisfação no Congresso com a amarra da fidelidade partidária e a atração que uma Presidência forte e popular exerce sobre todos os políticos, inclusive os da oposição. O PSD surge como sigla-catraca, que resolve esses problemas todos. Não à toa, deverá logo reunir a terceira maior bancada da Câmara. A façanha de Kassab impressiona ainda mais quando se sabe que sua imagem de prefeito anda desgastada. O comum é Brasília se render a líderes regionais escorados em bons resultados nos seus redutos. Não se deve subestimar o futuro do PSD (PSK?) também. Além do tamanho, a sigla tem dois trunfos. Um já está claro: a utilidade para Dilma Rousseff nas "discussões de relação" com os partidos da coalizão. Graças ao "apoio independente" do PSD, o Planalto poderá jogar mais duro com PR, PP, PSC e até setores do PMDB -uma gente que cobra muito e entrega pouco. O outro trunfo é o slogan do novo partido. Não ser "de esquerda, nem de direita, nem de centro" pode soar ridículo à imprensa. Mas muito eleitor não apenas se identifica com essa geleia como hoje tem orgulho de declarar a mesma posição. melchiades.filho@grupofolha.com.br Texto Anterior: Sâo Paulo - Vinicius Mota: Avalanche governista Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Inocentes e culpados Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |