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ELIANE CANTANHÊDE
A culpa também é nossa
BRASÍLIA - No âmbito municipal, houve essa correria frenética e afinal
inútil para evitar que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cortasse 8.528
vagas de vereadores pelo país afora.
A estimativa, grosso modo, é de uma
economia ali em torno de R$ 50 milhões por ano. Será que essas vagas
vão fazer falta? O tempo dirá.
No âmbito estadual, a revelação de
que os deputados da Assembléia Legislativa do Rio multiplicaram mirabolantemente seu patrimônio na última legislatura. Em alguns casos, até
1.000%. Será que o ônus compensou o
bônus? O tempo já diz.
No âmbito federal, a contabilização
de R$ 10,5 milhões gastos com gasolina e lubrificante para os integrantes
da Câmara dos Deputados circularem pelos seus redutos nos últimos
cinco meses. Será que essa despesa resultou em algo de útil para os eleitores? O tempo já vem dizendo.
São essas coisas que desacreditam
um Poder que é nobre pela natureza,
mas tem sido bem pouco nobre pela
natureza de seus ocupantes. De uma
forma mais direta: quem esculhamba
a política são os políticos.
Em ano eleitoral, como este, nunca
é demais bater na velha tecla de que
"nem todos são iguais", é preciso "separar o joio do trigo" e "os Legislativos são os bastiões da democracia".
Também nunca é demais reforçar
os avanços graças ao Congresso, como as CPIs Collor-PC Farias, do Orçamento e do Lalau-Luiz Estevão,
além de incontáveis leis, iniciativas e
a própria Constituinte de 88. Não é
nenhuma maravilha, mas é bem melhor do que as regras de exceção e foi
suficiente para alavancar todo um
processo de redemocratização legal.
É por isso, meu caro leitor, que não
adianta só ver as misérias sem lembrar das vitórias, nem só jogar pedra
em vereador que não faz nada, deputado estadual que enriquece e deputado federal que passeia demais (ou
que fantasia outros gastos, como
combustível). A culpa é dele, mas
também é sua. O Congresso, as assembléias e as câmaras não são deles,
são nossos. Se estão ruins, é porque
nós todos precisamos melhorar.
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