São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

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Editoriais

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Vagas desperdiçadas

Decepcionados com a qualidade do ensino, ou sem condições de continuar no curso, 315 mil universitários abandonaram seus estudos em 2009, no Estado de São Paulo. Com base no Censo do Ensino Superior Brasileiro, organizado pelo Ministério da Educação, o pesquisador Oscar Hipólito divulgou levantamento que aponta para o agravamento desse quadro.
De 2000 a 2009, passou de 18% para 27% a proporção dos alunos que desistem da faculdade. A evasão é maior nas instituições privadas (29%), mas também notável nas universidades públicas (16%).
Existe algo de paradoxal em tais números, quando se constata ao mesmo tempo a necessidade premente, no Brasil, de profissionais qualificados. Não chega a 13% a proporção dos jovens entre 18 e 24 anos cursando a universidade; trata-se de um capital humano, por assim dizer, precioso demais para ser desperdiçado.
Entre os fatores responsáveis pelo fenômeno, aponta-se o de que muitos alunos não têm condições financeiras para continuar estudando. Mesmo contando com bolsas, não conseguem custear os gastos de transporte, material e alimentação que o turno universitário pressupõe. Além disso, quando confrontados com ensino de baixa qualidade, muitos estudantes reveem o cálculo do custo-benefício envolvido na aquisição de um diploma.
Pelos dados disponíveis, a evasão universitária tem crescido especialmente no Estado de São Paulo, mas há consenso entre os especialistas de que a situação tende a se repetir, nos próximos anos, em âmbito nacional.
Depois de uma fase de rápido crescimento no número de vagas, possibilitando o acesso de mais pessoas de baixa renda ao ensino superior, o desafio agora muda de dimensão: trata-se de evitar, com políticas de estímulo financeiro para os estudantes e exigência de melhor desempenho para as faculdades, o desperdício de recursos, de tempo e de esperança que esse fenômeno representa.


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