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Lei seca
"Enquanto o Sindicato de Bares e
Restaurantes, na contramão do
bom senso, faz campanha para que
motoristas que bebam tenham o direito de dirigir seus automóveis, as
estatísticas apontam uma diminuição de 19% no número de atendimento a vítimas de acidentes de
trânsito nos hospitais públicos já no
primeiro final de semana após a
chamada lei seca entrar em vigor.
A argumentação de que a tolerância zero para motoristas alcoolizados irá gerar desemprego em setores que exploram o consumo de bebidas é tão oportuna quanto seria a
indústria de automóveis reclamar
que o mesmo impedimento está desestimulando o uso de seus produtos. Ninguém está proibido de beber, assim como ninguém está proibido de dirigir: somente os mal-intencionados insistem em desfrutar
ambas funções ao mesmo tempo."
JORGE SCHWEITZER (Rio de Janeiro, RJ)
"Compartilho da opinião do professor Luiz Flávio Gomes acerca do
exagero cometido pela lei seca (2/7,
pág. A3). Esta funcionará como mero paliativo. É uma medida inócua,
ineficaz, para "tapar o sol com a peneira". O mais plausível seria a utilização do bom senso, da lógica do razoável. Não se pode tratar questão
de tamanha seriedade com técnicas
de pirotecnia e intolerância."
GUILHERME TENO CASTILHO MISSALI (São Paulo,
SP)
"É de comemorar a manchete
"Lei seca reduz número de acidentados, diz governo" (Folha, 5/7). A
reportagem diz que o atendimento
às vítimas de acidentes de trânsito
caiu 19% em três hospitais estaduais da cidade de São Paulo. De
imediato podemos imaginar quantas vidas e dramas já foram poupados neste curto intervalo de tempo:
menos mutilados, menos órfãos,
menos sofrimentos, mais qualidade
de vida para muita gente. Talvez
agora seja mais justo dizermos que
trata-se de uma "Lei Pró-Vida"."
AURELIO LUIS DA SILVA (Franca, SP)
"Quem sabe assim como foi com
o cinto de segurança, a fiscalização
rigorosa consiga levar a uma mudança comportamental que todas
as campanhas de "se beber não dirija" não conseguiram. Mas acho uma
vergonha que em uma cidade como
São Paulo não exista quase nenhum
transporte público funcionando à
noite para nos dar mais opções."
DANIEL KERR (São Paulo, SP)
Pará
"Até 5/7 já havia 32 bebês mortos
na maior maternidade do Pará. E
sabem quem toma conta da saúde
no Pará? O PMDB! Por força desses
acordos políticos que loteiam o serviço público em troca de apoio, a governadora Ana Júlia Carepa (PT)
entregou a saúde ao PMDB. Coincidência ou não, as mortes dos bebês
aumentaram em progressão geométrica. A maioria das famílias não
comparece aos enterros porque não
possui dinheiro para as despesas
geradas com a morte dos filhos. Os
que comparecem são obrigados a
pagar R$ 12,50 para colocar os pequenos corpos nas covas rasas destinadas aos bebês mortos. Morreram deitados em um berço público,
sem esplendor nem assistência médica, inocentes, sem raiva nem rancor. Não tiveram tempo de sentir o
carinho da família. São todos bebês
mortos a sangue frio, sem chance de
defesa. Não devem ter chorado."
WILSON GORDON PARKER (Nova Friburgo, RJ)
Educação
"Correta a iniciativa do ombudsman da Folha, ao tratar da forma
agressiva como foi feito o noticiário
sobre a greve dos professores, reduzindo-a ao empecilho ao trânsito e
aos transtornos causados à população. Muitos professores e alguns
dos sindicatos que os representam
são passíveis de críticas, mas, como
bem diz o articulista, a greve deveria ser, mesmo que por linhas tortas, uma chance para que as reais
dificuldades pelas quais passam os
docentes e a educação fossem levadas ao grande público. Os problemas levantados com muita propriedade pelo ombudsman são bons temas para o início da discussão."
MARLI PEIXOTO FERNANDES (São Paulo, SP)
Racismo
"Excelente a resposta do ator
Milton Gonçalves (como deputado
corrupto Romildo Rosa na novela
"A Favorita") em 6/7. Se o papel interpretado pelo ator está incomodando alguns, o autor da novela pode comemorar. É sinal de que as
coisas neste país precisam mudar: a
ética e a dignidade precisam ser resgatadas, ainda que para isso sejam
necessárias interpretações através
da arte. Quando a arte imita a vida e
causa mal-estar é um sinal também
de que os tempos são outros, que as
pessoas conseguem enxergar o passado e dele tirar grandes lições."
IZABEL AVALLONE (Alto da Boa Vista, SP)
Cotas
"O Senado aprovou projeto que
institui que 50% das vagas nas escolas técnicas e de universidades federais sejam destinadas a alunos
que fizeram todo o ensino médio
em escolas públicas. Pela proposta,
essas vagas serão divididas segundo
a proporção de negros e índios do
Estado. Segundo a Funai, em 2001
os índios eram 0,2% da população
total. Já segundo estudo do IBGE
de 1998, declararam-se pretos 3%, e
negros, 2,92%. Por que eles não podem estudar como todos os não beneficiados por cotas, que arduamente se preparam por anos a fio
até conseguirem uma vaga? Onde
estão os direitos destes? Onde?"
MARLI MIRA HOELTGEBAUM (São Paulo, SP)
Indústria
"O artigo de Marcos Lisboa ("Vícios públicos, benefícios privados",
6/7) é um ótimo exemplo de que
"contra argumentos não há fatos".
Se a intenção do economista era
ressaltar o triunfo do "empreendedorismo individual" sobre os "incentivos de Estado" no desenvolvimento tecnológico das nações, sua escolha da história da aviação indica
uma abismal desinformação.
Se há uma indústria que só pôde
sobreviver no século 20 à sombra
do Estado é a aeroespacial: Boeing,
Airbus e Northrop-Grumann -para não mencionar a própria Embraer- só existem hoje devido a décadas de isenções de impostos, contratos governamentais e pesados
subsídios. De fato, ao contrário do
que gostaria de nos persuadir o ilustre economista, não há país desenvolvido do mundo no qual os saltos
tecnológicos se deram sem pesada
intervenção do governo, em combinação com a indústria local."
RAUL ABRAMO (Cotia, SP)
Internet
"Diz-se que "quem tem a informação tem o poder". Com o apagão
da Telefônica pudemos ver claramente que estamos nas mãos dos
estrangeiros. Ontem foram as telecomunicações, amanhã será a energia elétrica, os medicamentos e os
alimentos. Isso é desenvolvimento
ou a recolonização do Brasil?"
HAMILTON FIORAVANTI (Valinhos, SP)
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