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Anistia
"Lamentável a proposta do governo José Serra de perdoar os inadimplentes com impostos sem proporcionar paralelamente um prêmio ou desconto para quem por
anos ou décadas a fio vem pagando
pontualmente os seus compromissos. Beneficiar infratores que em
seguida certamente voltarão a não
cumprir seus compromissos é um
escárnio aos bons cidadãos."
RICHARD DOMINGUES DULLEY (Peruíbe, SP)
Grampos
"Brilhante a síntese de Melchiades Filho ("Grampo legal", 5/9) sobre os efeitos colaterais do escândalo do grampo telefônico. O governo certamente está comemorando
com churrascos e cigarrilhas o desmonte das instituições que estavam
cumprindo a lei. Colocar um ex-funcionário de um empresário investigado no comando da Abin foi
uma pérola na ciranda dos corruptos. Como dizia Vieira, "diferença há
entre o governador e o que governa,
entre o soldado e o que peleja"."
ANTONIO POSSATO (Barretos, SP)
Vestibular
"Causou-me surpresa a declaração em relação aos vestibulares da
secretária de Educação Básica do
MEC, Maria do Pilar (1/9, pág. C8).
Afirmações genéricas sobre o vestibular tendem a ser injustas com
instituições que há anos vêm trabalhando e atuando exatamente para
que o processo não seja nem excludente nem de decoreba, como sugere a secretária. Basta ver os resultados que temos na Unicamp, onde a
probabilidade de aprovação de estudantes de escolas públicas é igual
(em alguns casos superior) à de estudantes de escolas particulares. Isso só é possível com um processo
seletivo que, em lugar da decoreba,
valoriza a capacidade de leitura, reflexão e expressão dos candidatos.
Sempre que há mais candidatos do
que o número de vagas é necessário
algum processo seletivo. O Enem
infelizmente não tem capacidade
de discriminação suficiente para os
cursos mais concorridos."
LEANDRO RUSSOVSKI TESSLER, coordenador-executivo da Comvest-Unicamp (Campinas, SP)
Presos
"O engano acusatório cometido
contra três jovens levantou, para
mim, um questionamento. Sou médico. Em caso de erro meu, que traga prejuízo a um paciente, serei
execrado publicamente. Um processo correrá junto ao Conselho
Regional de Medicina, e deverei pagar uma soma estipulada por um
juiz. Agora, os delegados, promotores e juízes que cometeram o referido erro contra os três jovens serão
levados aos conselhos regionais de
suas profissões? Cumprirão algum
tipo de pena? Gostaria de ouvir uma
explicação convincente sobre o
porquê dessas diferenças."
LUIZ FERNANDO KEHL (Porto Alegre, RS)
TV Brasil
"Sobre o texto "Cada macaco no
seu cabo" (Opinião, 5/9), a EBC
-Empresa Brasil de Comunicação- esclarece o que segue:
1) A TV Brasil não incorporou a
programação da TV Cultura e das
TVEs. A grade contém programas
da ex-TVE do Rio, da ex-TV Nacional de Brasília e de outras emissoras públicas. A TV Brasil já lançou
dois telejornais e três programas.
Até o fim do ano, 12 programas estrearão;
2) Não há uma "média de audiência nacional dos canais estatais"
medida pelo Ibope. A TV Brasil é
exibida em rede aberta só no Rio,
Brasília e Maranhão. Em São Paulo,
é transmitida apenas a cabo. O Ibope só mede a audiência na região do
Grande Rio;
3) Ao citar um valor de orçamento, o colunista deve estar se referindo aos recursos globais da EBC, que
reúne três emissoras de TV, oito de
rádio e uma agência de notícias na
internet. Assim, carece de sentido o
cálculo do custo por telespectador;
4) A audiência média tem crescido. O telejornal "Repórter Brasil"
passou de 0,42% em janeiro para
1,07% em junho. Os novos programas "De Lá para Cá" e "Caminhos da
Reportagem" estrearam em junho
com audiência de 1,05% e 1,04%.
"Um Menino Muito Maluquinho"
alcançou 1,74% em junho. O "Sem
Censura", 1,59%;
5) Em canais públicos, como em
todo o mundo, a audiência é tão ou
menos importante que a natureza e
a qualidade da programação -diferenciada da dos canais comerciais."
TEREZA CRUVINEL, diretora-presidente da EBC
(Brasília, DF)
Novelas
"Quem fiscaliza a TV? Por que
uma novela transmitida às 21h, cujo
horário tem uma classificação especifica, volta a ser repetida à tarde,
quando boa parte das crianças e
adolescentes está em frente à TV?
Prova de que não existe mesmo limite nessa questão de classificação
de horário. O exemplo é a volta da
novela "Mulheres Apaixonadas",
veiculada em 2003, que traz ataques físicos entre marido e mulher,
traições e cenas de sexo quase explícito entre os personagens de Camila Pitanga e José Mayer. Quando
deixamos que crianças e adolescentes assistam a este tipo de novela,
permitimos que eles vivenciem temáticas que podem ser vistas em
outro momento de maturidade,
mas que para eles são desnecessárias neste momento. Repugnantes
são as atitudes dos que deixam que
isso passe despercebidamente."
TERESA LEONEL (Juazeiro, BA)
Aborto
"Como advogado, confesso que
gosto de matérias polêmicas. Mas
ao surgirem debates calorosos, sob
o manto de ideais e da religião, temos alguns fundamentos que fogem por completo à razoabilidade.
Afirmar que o sofrimento purifica,
para defender a proibição do aborto
de anencéfalos, leva à beira da
crueldade. É uma apreciação machista, que não se preocupa com o
sofrimento da mulher. Não é justo
que o Estado a obrigue a manter o
feto em seu ventre sabendo que ele
não vai sobreviver após o parto: são
meses de desespero e de pura angústia. Os homens que defendem
tal proibição não sofrem como a
mãe. Aqui não há o direito a vida,
mas à dignidade do ser humano."
DILSON ZANINI (São Paulo, SP)
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