São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Respeito ao pedestre

Não é da noite para o dia, certamente, que haverá de implantar-se o hábito de respeitar as faixas de pedestres entre os motoristas paulistanos. Há décadas, a população acostumou-se a ver nesse importante elemento de civilização urbana pouco mais do que um acessório vagamente decorativo, superposto ao mal cuidado asfalto de São Paulo.
Embora modestos, são assim positivos os sinais de que começa a dar certo o empenho da prefeitura em fazer valer os direitos do pedestre na cidade. No intervalo de apenas um mês (de finais de julho a finais de agosto), caiu de 90,3% para 74,9% a proporção dos infratores responsáveis por desrespeito às faixas de travessia.
É pouco, decerto. Os dados da pesquisa feita pela Companhia de Engenharia de Tráfego podem traduzir-se na constatação de que, a cada quatro motoristas, três ainda cometem esse tipo de infração, mesmo sob a ameaça de multas.
Diante da situação de desrespeito generalizado que se registrava há um mês, entretanto, o avanço não é pequeno. Seu principal motivo, como seria de prever, foi o maior rigor das autoridades na aplicação de multas aos infratores. Chegam a R$ 191,53, com sete pontos debitados na carteira do motorista, em alguns casos.
Dada a naturalidade com que sempre se ignorou o significado das faixas, o ímpeto fiscalizatório só ganhará legitimidade, entretanto, se for acompanhado de conscientização. Não só motoristas precisam ser bem informados, mas também pedestres, para que corrijam hábitos arraigados, como o de atravessar fora da faixa.
É o que começa a ser feito, seja pela presença física de funcionários da CET, seja por meio de campanhas publicitárias.
A prefeitura informa que serviços de telemarketing realizarão 2,5 milhões de telefonemas aos paulistanos, anunciando-lhes aquilo que em outras cidades do mundo não passa de evidência trivial: faixas de pedestres servem para que pedestres atravessem a rua em segurança.
Não é apenas nesse ponto, todavia, que os direitos do pedestre necessitam de proteção. São frequentes, por exemplo, os casos de acidentes causados pelo mau estado de conservação das calçadas; tendem a aumentar em gravidade e número, aliás, na medida em que avança a média de idade da população.
Inexistem, ao que se saiba, cálculos de quanto gastaria a prefeitura caso tivesse de pagar indenizações por acidentes desse tipo. Bem mais, provavelmente, do que o que vai arrecadando com as multas que começou a aplicar.


Texto Anterior: Editoriais: Hora da retirada
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Evita e o professor
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.