São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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CATIA SEABRA

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BRASÍLIA - Se existe hoje uma petista capaz de içar a candidatura do ministro Fernando Haddad em São Paulo, essa não é a presidente Dilma Rousseff. Mas Marta Suplicy.
O baixo poder de transferência da presidente está expresso em números. Um exemplo: segundo o Datafolha, 44% dos eleitores com escolaridade superior aprovam o governo Dilma, mas em São Paulo apenas 17% desse segmento admite votar sob sua influência.
Dona de eleitorado fiel nas franjas da cidade, Marta, por sua vez, pode impulsionar a campanha do opaco Haddad onde ele mais precisa. Ou infernizá-lo.
Aposte na segunda hipótese, pelo menos por enquanto. Com as pretensões eleitorais asfixiadas por Lula e pela cúpula petista, Marta desanca até seus ex-colaboradores.
Acuada, anuncia "disputa acirrada" pelo direito de concorrer.
Aliados de Haddad reivindicam a presença mais agressiva de Lula na pré-campanha. Nada disposto a assumir, prematuramente, os riscos de uma derrota, o ex-presidente recomenda calma ao pupilo.
O patrocinador de Haddad tem prestígio político na capital, segundo diz o Datafolha. Mas, desta vez, será convertido em voto?
Além da questionável eficácia, todo o esforço de Lula pode ser neutralizado por Marta, já que os dois atuam na mesma faixa do eleitorado. Basta ela chorar.
Por isso, o estado de espírito de Marta tira tanto o sono dos apoiadores de Haddad. Todo o segredo está em convencê-la a sair sem perder a ternura.
Entusiastas da candidatura Haddad cogitam até a oferta de um ministério para Marta ou mesmo o compromisso de apoio para as eleições de 2014.
Afora cálculos políticos, há um elemento subjetivo, e perigoso, nessa equação. Não se despreza a fúria de uma mulher rejeitada.
Um único alento: a situação está bem mais delicada no campo adversário, o PSDB.


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