São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011 |
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FERNANDO RODRIGUES As dicas do dr. Carneiro BRASÍLIA - Ocorreu nesta semana um daqueles assaltos emblemáticos. Homens armados invadiram a casa do secretário de Transportes de São Paulo, Saulo de Castro. De 2002 a 2006, ele havia sido secretário de Segurança Pública. Durante o episódio, Saulo estava em sua casa em Pinheiros. Ele, a mulher e a filha foram obrigados a deitar no chão por cerca de três horas. A quadrilha vasculhou o imóvel à procura de joias, dinheiro e outros objetos de valor. Pinheiros é um bairro de classe média e de ricos em São Paulo. Moradores se juntam e pagam vigilantes particulares em algumas quadras. Há esquinas com guaritas instaladas. Tudo insuficiente para impedir a audácia dos ladrões. Ontem cedo, a rádio Jovem Pan entrevistou Marcos Carneiro de Lima, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo. Uma pergunta foi sobre o que a polícia poderia fazer para evitar assaltos como o ocorrido na casa de Saulo de Castro. A resposta sintetiza a desconexão do Estado com a realidade. Eis um trecho quase surrealista: "É responsabilidade da polícia combater o crime, mas também é da sociedade. Nessa região aí [Pinheiros] temos diversos vigilantes. Se eles recebem dinheiro dos moradores para fazer segurança, essa segurança tem de ser efetiva (...) Isso é importante que seja cobrado pela polícia, mas também com a participação da população". Ou seja, o dr. Carneiro deseja privatizar a segurança pública. A saída é cobrar eficiência dos vigilantes contratados pelos moradores -que já pagam impostos para, em tese, serem protegidos pelo Estado. Num outro trecho de sua entrevista, o delegado-geral paulista fez outra recomendação a quem for vítima de um assalto: "Tem que manter a tranquilidade e tem que tranquilizar o criminoso". E emendou: "Parece um contrassenso eu falar isso, né? Mas infelizmente é a sobrevivência do cidadão comum". O dr. Carneiro sabe o que fala. fernando.rodrigues@grupofolha.com.br Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Pelé se mexe no banco Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Digno de se dizer livre Índice | Comunicar Erros |
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