São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

VINICIUS MOTA

O gênio da lâmpada

SÃO PAULO - Sobrou entusiasmo para louvar os feitos de Steve Jobs após sua morte, na semana passada. O líder da Apple foi aclamado como gênio visionário que desbravou o futuro. Daqui a cem anos, diz um biógrafo, Jobs estará no panteão dos heróis da civilização, ao lado de Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica incandescente.
Uma fala de Jobs para universitários, de 2005, virou sabedoria revelada. Cheia de autoelogios e conselhos como "siga o seu coração" e "encare cada dia como se fosse o último", rivaliza com manuais de autoajuda.
Tanto exagero e tanta precipitação de juízos dizem mais do nosso tempo que do morto ilustre. A genialidade de Arquimedes, Da Vinci ou Newton, afinal, dependeu menos do que os contemporâneos falaram sobre eles e mais do julgamento decantado ao longo de séculos.
O jornalista americano Malcolm Gladwell, em seu livro "Outliers", nota que a revolução dos computadores pessoais foi liderada por empreendedores nascidos com poucos meses de diferença. Jobs, Bill Gates (Microsoft) e Eric Schmidt (Google) são de 1955. Steve Ballmer, sucessor de Gates, do início de 1956, e Bill Joy (Sun Microsystems), do final de 1954.
Uma janela de oportunidades gigantesca e efêmera se abriu a jovens americanos que, imersos na informática, entravam na sua terceira década de vida por volta de 1975. Foi esse o ano do primeiro computador pessoal a preço acessível -singelo conceito que, ao desenvolver-se, fundou uma nova geração de bilionários.
Edison, gênio da lâmpada, foi tributário de uma onda semelhante no final do século 19. Ela produziu magnatas do porte de John D. Rockefeller (petróleo), Andrew Carnegie (aço) e William Vanderbilt (ferrovias).
Jobs e Edison são, na verdade, coadjuvantes dessa aventura. O protagonista é a fantástica máquina de destruição criativa, conduzida pelo império da técnica, há 150 anos implantada nos Estados Unidos.

vinimota@uol.com.br


Texto Anterior: Editoriais: O "super-Cade"

Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: Zumbilândia
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.