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Expectativa cósmica
TUDO NO LHC (Grande Colisor de Hádrons) é superlativo, inclusive as expectativas. Maior e mais caro instrumento científico já construído, o
colisor de partículas subatômicas foi instalado num túnel circular subterrâneo de 27 km, 100
m abaixo da fronteira franco-suíça, custou ao menos US$ 5 bilhões, levou duas décadas para
ser concluído e mobilizou 10 mil
pesquisadores de 80 países.
A enormidade do LHC se justifica com uma promessa à altura:
desvendar os maiores mistérios
na origem do universo. Não há
quase enigma físico que o colisor
não se proponha resolver.
Os hádrons que dão nome ao
aparelho constituem uma classe
de partículas fundamentais que
inclui nêutrons e prótons, habitantes do núcleo atômico. O LHC
fará prótons colidirem em velocidade próxima à da luz.
Chocar partículas maciças a tal
velocidade busca reproduzir
condições comparáveis às que vigoravam trilionésimos de trilionésimos de segundo após o Big
Bang. Naquele ponto, há uns 14
bilhões de anos, o universo era
menor que o Sistema Solar e nele
predominavam as partículas
mais elementares da matéria, como os quarks, que depois constituíram os prótons e nêutrons.
Com o LHC pretende-se obter
o oposto, pois se trata de destruir
partículas para vislumbrar seus
componentes. Todas as integrantes do chamado modelo padrão já foram detectadas, com
exceção do bóson de Higgs. A entidade prevista em 1964 pelo britânico Peter Higgs permitiria explicar a existência de massa nalgumas partículas e não em outras. É a maior lacuna do modelo.
Espera-se muito mais do LHC,
contudo. Sua alta energia poderia produzir miniburacos negros,
lançando luz sobre a existência
das dimensões extras propostas
na controvertida teoria das supercordas. Aguardam-se pistas,
ainda, sobre aqueles 96% invisíveis do universo ocultos na matéria e na energia escuras. Talvez, a razão de não haver mais
antimatéria no cosmo, se na sua
criação ela foi tão abundante
quanto a matéria, como reza a
teoria.
Outra perspectiva estimulante
é que o LHC produza resultados
de todo imprevistos, impondo
uma revisão do modelo atual. Assim avança a ciência. Certo, mesmo, é que ela dificilmente permanecerá a mesma, depois de alguns meses ou anos, quando estiver a todo vapor a bilionária máquina de testar hipóteses.
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