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Editoriais
Greve contra a segurança
A SUSPENSÃO da greve da Polícia Civil, que havia sido
deflagrada ontem no Estado de São Paulo, é notícia positiva que no entanto não elimina a
ameaça de nova paralisação.
Entre as principais reivindicações dos policiais civis no Estado
está um aumento que varia de
58% a 200%. Um delegado em
início de carreira recebe R$
3.708, incluindo gratificações. O
salário é baixo, tomando-se por
base a remuneração em outras
unidades da Federação. São Paulo paga a seus delegados em início de carreira bem menos, por
exemplo, que Paraná (R$ 9.599)
e Bahia (R$ 5.304).
É fato, contudo, que qualquer
reajuste significaria grande dispêndio para os cofres estaduais,
pois contemplaria 35 mil policiais civis da ativa e mais 9.000
aposentados. O governo alega
que, se todos os pedidos fossem
atendidos, a folha de pagamentos da Segurança Pública passaria de R$ 7 bilhões para R$ 15 bilhões anuais. O Palácio dos Bandeirantes afirma que aceita discutir a reestruturação salarial,
mas com índices menores que os
pretendidos. O caminho é negociar uma melhoria ao longo do
tempo.
Mas, se o pleito salarial parte
de premissa justa, outras demandas dos policiais são absurdas. É o caso da eleição direta para delegado-geral da Polícia Civil. Além de ofensiva à Constituição, essa mudança entregaria o
comando da polícia a um jogo
sindical e favoreceria a emancipação de um aparato armado de
difícil controle dentro do Estado.
Outro ponto que merece repúdio da sociedade é o recurso à
greve na categoria policial. A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, por
exemplo, ameaça retomar o plano de cruzar os braços em caso
de insucesso nas negociações.
Como ocorre no caso dos militares, não deveria ser admitida
greve entre policiais, mesmo no
caso dos civis. Trata-se de uma
categoria muito particular e essencial de servidores, que detém
mandato da sociedade para carregar armas e atua na linha de
frente da segurança pública.
Reconhecer as particularidades e a importância dos policiais
não significa apenas, obviamente, limitar seu acesso ao direito
de greve. É preciso que esse status seja confirmado com melhores condições de trabalho.
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