São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A casa do diálogo social
JACQUES DERMAGNE
É impossível encontrar um único conselheiro econômico e social que não esteja impregnado desse senso da escuta e dessa vontade ardente de tudo fazer para que os homens se encontrem e se entendam. Quando eles se ouvem, entendem-se. Quando se entendem, eles têm todas as chances de se compreender. O papel de "conselheiro" do governo gera um trabalho pedagógico forte em direção à nação. Através da mediação pelos grupos constituintes, os pareceres do conselho permitem que os cidadãos tenham informações mais aprofundadas das questões tratadas pelo mesmo. Cabe salientar também que o Conselho Econômico e Social tem uma importante atuação em nível internacional. Em 1989, quando caiu o muro de Berlim, havia no mundo dez CES. Hoje existem 50, concebidos muitas vezes com base no modelo francês. Todos os países do Leste Europeu, toda a África francófona, inúmeros países da América do Sul, um certo número de países do Extremo Oriente -entre os quais a China- incluíram entre as suas instituições um CES inspirado, de uma forma ou de outra, nos da Europa latina, encarregados das mesmas missões. Os CES que existem hoje estão reunidos em uma associação mundial atualmente presidida pela Argélia e da qual a França assume a Secretaria Geral, em Paris. Essa situação nos dá a capacidade de acelerar e amplificar o progresso social em inúmeros países. É apoiando-se na organização da cidade, ou seja, nas diferentes corporações profissionais e nas associações, é encontrando o equilíbrio social que permite "colar na realidade" que temos a oportunidade de instalar a democracia social, permanecendo realistas, mais do que seguindo a qualquer preço a linha política pela qual fomos eleitos. Para assegurar a democracia, no sentido gramatical do termo, é preciso que os que a vivem estejam em condições de tornar clara a decisão pública. Daí a importância da existência de grandes instituições que permitam, dentro do respeito às diferentes sensibilidades, expressar esse aspecto econômico e social da vida e da cidade. Em nosso país, é o Conselho Econômico e Social. Ele reúne personalidades pelo que elas fazem, e não pelo que pensam. É o lugar onde deve estar ancorada a democracia social. É a casa do diálogo social, aquela onde são esboçadas as grandes negociações sociais. Jacques Dermagne, 65, bacharel em direito, é presidente do Conselho Econômico e Social da França. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Luiz Carlos Bresser Pereira: Popular e nacional? Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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