São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Por que votar em Marta
EDUARDO MATARAZZO SUPLICY
Os 21 CEUs, ou Centros Educacionais Unificados, constituem uma melhoria notável percebida pelas pessoas que os conhecem. A combinação da creche com as escolas de ensino fundamental e médio, mais o telecentro, o cinema e o teatro para múltiplas atividades, inclusive o aprendizado de música e dança, as quadras esportivas, como as de basquete, futebol, vôlei e skate, as piscinas, tudo construído em bairro normalmente distante de qualquer área de cultura e diversão, demandou sensibilidade e coragem da prefeita. Os 24 CEUs que ela pretende construir no próximo quadriênio são sem dúvida uma meta saudável, pois também serão edificados onde a cidade é mais carente. Há outras marcas positivas, como a distribuição de uniformes escolares para todas as crianças e uma melhoria nutricional considerável na merenda escolar. Os professores municipais têm uma remuneração maior do que os da rede estadual, o que em si representa melhor qualidade de ensino. Marta enfrentou com determinação o conluio que havia entre alguns segmentos que impediam a melhoria do sistema de transporte coletivo. Renovou praticamente toda a frota, instituiu o Passa Rápido e o Bilhete Único. Ela pode agora avançar na integração do sistema com o metrô, os trens e os ônibus metropolitanos e ainda instituir os bilhetes de fim de semana, o semanal e o mensal, como acontece em grandes capitais no mundo. Na saúde, depois de reconstruir o que vinha de uma situação difícil deixada pelo PAS e reinstituir o Sistema Único de Saúde, com especial expansão do Programa de Saúde da Família, Marta vai realizar uma revolução semelhante à que vem fazendo com os CEUs na educação. A área dos programas sociais, entretanto, é uma daquelas em que Marta mais inovou, ao instituir nove programas de inclusão social. Destes, o mais importante foi o de renda mínima associada à educação, que, de 2001 a 2004, beneficiou cerca de 270 mil famílias. O Renda Mínima, que em São Paulo tem o melhor desenho e benefício dentre todos os aplicados no Brasil, garante não apenas alguma renda a quem de outra forma não a teria mas dá apoio às famílias para que as crianças freqüentem a escola, além de aumentar a atividade econômica, proporcionar maior arrecadação de impostos e aumentar o emprego. Estudos da Secretaria de Trabalho do município têm mostrado que a taxa de desemprego em São Paulo seria pelo menos quatro pontos percentuais maior se não fosse o programa. Em decorrência disso, houve uma acentuada diminuição da taxa de homicídios em São Paulo: ela passou de 57,3 por 100 mil habitantes, no biênio 1999/ 2000, para 51,6 no triênio 2001/2003. Foi pelos 13 distritos mais carentes e problemáticos, onde era menor a renda per capita, maior a taxa de desemprego e de violência criminal, que Marta iniciou o Renda Mínima. E foi justamente nesses lugares que se verificou a mais acentuada redução da taxa de homicídios, passando de 73,7 por 100 mil, em 2000, para 59,7 em 2003. Isso não é pouco para uma cidade que tem na violência uma de suas principais preocupações. O dinamismo de Marta também se fez sentir nos bairros de maior poder aquisitivo, já que os recursos das operações urbanas só permitem a sua aplicação nas próprias áreas. Eis como surgiram os túneis das avenidas Rebouças e Cidade Jardim. Embora tenham causado transtorno no trânsito de janeiro a setembro deste ano, todos agora estão percebendo que as obras resultaram numa economia significativa de tempo, tanto para os que andam de carro como -e principalmente- para os que precisam de ônibus. Por tudo o que já fez e pelo que fará, Marta merece continuar a ser nossa prefeita. Eduardo Matarazzo Suplicy, 63, doutor em economia pela Universidade Estadual de Michigan (EUA), senador pelo PT-SP, é professor da Eaesp-FGV. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES José Arthur Giannotti: Com a cabeça fria Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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