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ELIANE CANTANHÊDE
Pó, pedra e "agenda positiva"
BRASÍLIA - O Congresso está um deserto desde a quinta-feira e vai continuar não só durante como além do Carnaval. É o tempo que o governo e
o PT querem -aliás, precisam muito- para se refazer do tranco.
A idéia é desencavar a velha ladainha de uma "agenda positiva" logo
na reabertura da reabertura do Congresso, quando o Carnaval e a ressaca passarem, já em março.
O item 1 será a reforma política, tão
decantada. Tem crise? Chame-se a
reforma política! Baixou a crise? Esqueça-se! Mas o mais interessante da
tal "agenda positiva" é mostrar que
"o governo está governando". Ué?! E
não está, ou estava?
Como os novos ministros Eunício
Oliveira (Comunicações) e Eduardo
Campos (Ciência e Tecnologia) participaram da conversa, imagina-se
que os dois vão passar a mostrar serviço, lançar projetos, programas.
Com um contingenciamento de metade dos R$ 12 bilhões do Orçamento,
não se sabe ao certo com que recursos, mas anunciar não dói. E, se não
faz, ninguém lembra mesmo.
No início, dizia-se que a política
econômica era "igualzinha" à de
FHC. Depois, que o Fome Zero era
um embuste e que a política social
nem era igual, mas, sim, pior do que
a do governo anterior. Em relação às
maracutaias: a diferença é que são
denunciadas mais cedo.
O governo Lula está num momento
decisivo. Tem a obrigação de manter
a estabilidade econômica, mas dando sinais de reaquecimento (e nem se
fala em "espetáculo do crescimento")
e ativando finalmente a área social.
Enquanto restaura-se a moralidade.
A professora Marilena Chaui identifica um complô nacional, talvez
mundial, quiçá planetário, para desfazer os símbolos mais caros ao PT.
Errado, professora. Se há complô, é
do próprio PT. Quem está fazendo pó
de seus símbolos não somos nós nem
mesmo a oposição.
É ele: o PT no poder.
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