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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Um exemplo para quem acredita no Brasil
Havia muito tempo que não
conversava com o Matias, velho
amigo, produtor rural no interior de
São Paulo. Liguei para ele para saber a
razão do "ensurdecedor silêncio".
Com humor e perspicácia ele falou:
"Foi pura falta de tempo. Chegou a
vez da agricultura. Estou ajudando o
Brasil a produzir 106 milhões de toneladas de grãos para a próxima safra.
Foi só isso...".
Parabéns, emendei logo: "Gosto de
quem trabalha com afinco...".
Ele não me deixou continuar e, com
uma gostosa gargalhada e no mesmo
tom satírico, aduziu: "Na balança comercial, o agronegócio gerou um superávit de US$ 21 bilhões em 2002. Isso foi o que permitiu ao Brasil fechar o
ano com um saldo de US$ 12 bilhões,
porque... vocês, do setor industrial...,
caro Antônio, geraram um déficit de
US$ 9 bilhões...".
Gozação à parte -afinal, quem pergunta o que quer ouve o que não
quer-, o Matias tem razão. O Brasil
está dando um show no agronegócio.
O ministro Pratini de Moraes anunciou que a próxima safra será 10%
maior do que a anterior -que já havia batido o recorde de 97 milhões de
toneladas de grãos.
A soja é um show à parte. O crescimento da produção na próxima safra
será de 14%. É disso que o Matias se
orgulha, e com justo motivo.
Os produtores brasileiros têm mostrado ao mundo que dominam as
mais avançadas tecnologias na genética de sementes, no plantio e na colheita daquela leguminosa. Há 25 anos, o
Brasil produzia cerca de 1.200 quilos
de soja por hectare. Hoje, produz mais
do que o dobro disso. Em São Paulo, a
média é de 2.600 quilos por hectare;
no Paraná, 3.000 quilos e em Mato
Grosso, 3.100 quilos!
Isso reflete a criatividade dos pesquisadores e a garra dos produtores brasileiros. Em cinco anos (1997-2001),
praticamente dobramos a produção
de soja, passando de 26 milhões de toneladas para 47 milhões de toneladas.
Em 2002, as exportações brasileiras
aumentaram a despeito da crise de
confiança dos países do Primeiro
Mundo, das quedas nas Bolsas, da retração de investimentos e das ameaças
de guerras. Além disso, tivemos contra nós o vergonhoso protecionismo
agrícola do Japão, dos Estados Unidos
e da União Européia. Ainda assim o
Brasil vendeu mais lá fora. Temos tudo para continuar nesse ritmo, agora
sob a batuta de outro competente ministro da Agricultura, o produtor e engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues. Está chegando a hora de enfrentarmos a questão dos transgênicos
que competem com grande vantagem, podendo quebrar o ritmo do dinamismo brasileiro.
Eu, que pensava simplesmente em
cumprimentar o Matias pela chegada
do Natal, quero estender a minha alegria a todos os produtores agrícolas do
Brasil. Eles enfrentam sem medo o risco da agricultura, a precariedade do
transporte, da armazenagem e dos
portos, assim como as incertezas e o
protecionismo do comércio internacional. É uma gente que reúne fé,
competência e patriotismo.
É com esse tripé que se pode pensar
em garantir um belo futuro para as
próximas gerações. Um bom Natal a
todos.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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