SÉRGIO GUERRA

O conjunto da obra gerou uma conquista incontestável: o PSDB redesenhou por inteiro a agenda política nacional

VINTE ANOS de vida é um momento singular para celebrações e reflexões.
A celebração mais essencial é sem dúvida a consolidação da democracia brasileira, valor fundamental e razão maior de nossa existência. Também temos a celebrar o avanço de uma questão essencial: o aperfeiçoamento gerencial de nosso país, tanto diretamente no setor público quanto como indutor no setor privado.
O Plano Real é a mais reconhecida conquista, pois enfrentamos e vencemos a inflação incontrolável, que era causada pela incompetência gerencial, a destruir cronicamente as bases econômicas e sociais do Brasil.
O PSDB deve igualmente celebrar a conquista de mais e melhores serviços sociais básicos com acesso universal: a criação do Fundef colocando todas as crianças na escola, a concretização do SUS, a redução drástica das taxas de mortalidade infantil, os genéricos baixando o preço dos medicamentos, o trabalho antiAids como referência mundial, a implantação dos programas de transferência direta de renda para os mais pobres, que o governo do PT passou a chamar de Bolsa Família.
As conquistas econômicas foram igualmente importantes: a Lei de Responsabilidade Fiscal, a flexibilização dos monopólios, a privatização das estatais levando à retomada dos investimentos, as agências reguladoras para proteger os consumidores, dentre outros marcos históricos.
O conjunto da obra gerou uma conquista incontestável: o PSDB redesenhou por inteiro a agenda política nacional. Demonstramos ser crucial romper amarras econômicas que impediam o país de avançar. Nenhuma análise honesta pode negar que a nova agenda nacional assumiu as mais claras marcas social-democráticas: a importância do mercado com maior inserção na economia global, ao lado de políticas públicas de combate à pobreza e às desigualdades socioeconômicas.
Em resumo, a agenda social-democrática se tornou hegemônica no Brasil. A tal ponto que o governo do PT assumiu, de forma ostensiva, nossas políticas sociais e econômicas.
De fato, não há dúvida de que aqui também se trata de uma conquista marcante do PSDB. E, se é para mudar e melhorar as condições de vida dos brasileiros, vamos igualmente celebrar essa conquista, mesmo que seja cheia de paradoxos. Mas não podemos viver só do passado. Os desafios presentes são muito maiores e ainda mais cruciais as suas urgências coletivas.
O sumário genérico é: temos que aprofundar corajosamente a democracia, avançar nas políticas públicas sociais, acima de tudo da educação, e responder efetivamente à crescente necessidade por mais e melhor infra-estrutura econômica.
Existe objetivamente a obrigação de entender que a questão democrática continua ainda mais central na ordem do dia e deve merecer a máxima prioridade. A verdade é que vivemos um modelo político superado, senilizado por inteiro.
Eis o maior desafio que o PSDB tem que enfrentar de forma corajosa, sem tergiversar. Cabe a nós a obrigação cívica de buscar formas de mobilização positiva, o engajamento saudável e ativo das comunidades. Urge atrair e nutrir novas lideranças em todas as gerações e setores da vida nacional.
Também os desafios gerenciais são ainda maiores agora do que antes. Saltar de patamar foi importante, mas será cada vez mais difícil chegar a níveis superiores aos atuais. Para tanto, temos que assumir de forma frontal o aumento da eficiência dos gastos públicos dentro de um quadro fiscal e tributário crescentemente sufocante para a sociedade brasileira.
Agora com 20 anos de idade, o PSDB está mais maduro para avançar na contribuição para um país melhor.
Nossas competências e capacidades já foram provadas e, agora, devem ser ampliadas, para que possamos não apenas ter um partido celebrando o que passou, mas sobretudo contribuindo para construir um Brasil mais humano e com um futuro cada vez melhor.