São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2011

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VINICIUS MOTA

A Europa pode ser aqui

SÃO PAULO - Até a década de 1980, os campeonatos estaduais concentravam a atenção da torcida e dos clubes de futebol no Brasil. Competições regionais com turno, returno e eliminatórias finais estrangulavam o calendário de disputas nacionais. A venda de atletas profissionais para o exterior era modesta.
Faltava sobretudo dinheiro no futebol brasileiro. À medida que o mercado europeu se abriu e se expandiu, essa realidade mudou. Os clubes do velho continente puderam montar verdadeiros esquadrões de craques de diversas nacionalidades, atraindo a atenção mundial para seus campeonatos, com destaque para a Copa dos Campeões.
Esse movimento também injetou recursos extraordinários no futebol brasileiro, que se especializou na exportação de jovens talentos. Os grandes clubes daqui entenderam que o foco do calendário e de suas atenções deveria migrar para disputas nacionais. Ampliaram com isso a vitrine para o exterior e multiplicaram suas receitas domésticas.
A resistência inusitada à contratação de Neymar, ídolo do Santos, por um clube europeu ilustra uma provável mudança importante nas regras desse jogo. A crise europeia, a ascensão da economia brasileira e a valorização do real diminuíram bastante as vantagens comparativas, ao menos as financeiras, de uma transferência para a Europa.
Sem perspectiva de que esses vetores econômicos se alterem, surge a oportunidade, impensável há cinco anos, de o Brasil capturar parte dos recursos e da cadeia de negócios hoje concentrados na Europa.
Não se trata só de segurar craques, mas de abrir o mercado a jogadores e fundos estrangeiros -e de oferecer campeonatos em que possam se enfrentar, repetidamente, times que concentrem a nata do talento mundial.
Uma liga entre os melhores clubes brasileiros e argentinos, por exemplo, seria de atratividade ímpar.

vinimota@uol.com.br


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