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CARLOS HEITOR CONY
O custo da Olimpíada
RIO DE JANEIRO - Entrou em
discussão o alto custo da participação do Brasil na Olimpíada de Pequim. Foi estabelecido um cálculo
digno de qualquer guarda-livros do
passado: dividido pelo número de
medalhas conquistadas, cada uma
delas saiu por um valor astronômico. É um raciocínio primário.
Uma Olimpíada cria uma imensa
passarela de âmbito internacional,
que não pode ser desprezada -e
não é- nem mesmo por países que
não precisariam de um marketing
suplementar para ocupar o pódio
mundial da política e da economia.
Em 1936, recém-chegado ao poder, o nazismo investiu nos Jogos
Olímpicos daquele ano, e o mundo
ficou sabendo que nascia uma potência que, infelizmente, seria desviada para o crime. A China seguiu o
exemplo e deu um espetáculo que
transcendeu ao aspecto esportivo: o
mundo passou a conhecer melhor a
China, e a China passou a conhecer
melhor o mundo.
Um investimento deste custa caro. É evidente que pode ter havido
desvios de verbas setoriais, que um
exame imparcial do Tribunal de
Contas da União tem condições de
apurar e punir. O mesmo acontece
com qualquer outro programa que
consome verbas públicas. Exemplos não faltaram na estrutura global de sucessivos governos.
Contudo, não se deve condenar o
gasto de um evento com a magnitude de uma Olimpíada, desde que as
contas sejam prestadas pelos responsáveis. O Brasil tem a pretensão
de sediar os Jogos Olímpicos na
próxima década, será um pesado investimento financeiro. Não faltarão
aqueles que reclamarão tamanha
verba para escolas, hospitais etc.
Uma coisa não exclui a outra. O
país precisa crescer de forma homogênea e permanente. Perdoem a
patriotada: cada vez que a bandeira
nacional sobe num pódio internacional, qualquer brasileiro acredita
que tudo valeu a pena.
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