São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Editoriais editoriais@uol.com.br Uma bomba "Caiu como uma bomba." Assim o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), qualificou a acusação feita por seu colega Roque Barbiere (PTB) de que até um terço dos 94 parlamentares estaduais paulistas desvia dinheiro público e enriquece de maneira ilícita. Sem citar nomes nem casos, Barbiere afirma que um grande número de deputados estaduais apresenta emendas de interesse de empreiteiras e outras companhias para, em troca, cobrar pelo "serviço" aos grupos beneficiados. "Não é a maioria, mas tem um belo de um grupo que vive e sobrevive e enriquece fazendo isso", afirmou o petebista. "O sentimento geral na Casa é de perplexidade, choque e estarrecimento", reagiu Barros Munhoz. Ainda que as acusações não sejam comprovadas, não se pode dizer que o sentimento manifestado pelo presidente do Legislativo estadual seja partilhado pelo restante dos cidadãos paulistas. Com uma minúscula bancada de oposição -menor, inclusive, do que a fração dos que se locupletam, segundo a acusação de Barbiere-, há anos os parlamentares paulistas se tornaram mera correia de transmissão dos interesses do governo estadual. Incapazes de cumprir suas obrigações de fiscalizar o Executivo e apresentar projetos de interesse dos cidadãos, a reação inicial de muitos deputados estaduais foi de indiferença às acusações que pesam contra integrantes da Casa. O próprio Barros Munhoz foi reconduzido à presidência da Assembleia, num acordo patrocinado pelo principal partido de "oposição", o PT, mesmo após o Ministério Público tê-lo acusado de desviar dinheiro público quando era prefeito de Itapira (SP). Às denúncias de Barbiere se somaram declarações de Bruno Covas (PSDB) -deputado licenciado e secretário estadual do Meio Ambiente- e do deputado Major Olímpio (PDT), feitas ao jornal "O Estado de S. Paulo". Afirmaram ter conhecimento do mecanismo de corrupção relatado por Barbiere. Mais tarde, Covas retocou o discurso, afirmando que falara "em tese" sobre a possibilidade de venda de emendas na Casa. O Ministério Público já anuncia a abertura de inquérito para apurar a denúncia de desvio de dinheiro público. O mínimo que se exige do Conselho de Ética da Assembleia -que a muito custo põe-se agora a convocar os envolvidos nas acusações- é uma investigação profunda e transparente das graves suspeitas veiculadas. Quem sabe a Casa e seu presidente deixam "perplexos" os que esperam, para esse caso, o desfecho frustrante de sempre. Texto Anterior: Editoriais: Factoide do PSD Próximo Texto: São Paulo - Ricardo Melo: Cabide partidário Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |