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A estreia de Obama
Reforma da saúde marca 1º ano do presidente democrata, que enfrenta dificuldades na economia e na política externa
VEIO na véspera de Natal
a principal vitória em
2009 do governo de
Barack Obama, prestes
a completar seu primeiro ano de
mandato. Por 60 votos a favor,
todos democratas, contra 39 dos
republicanos, o Senado aprovou
a medida que reforma o sistema
de saúde do país ao prever a obrigatoriedade de seguro médico
para todos os americanos.
Segundo a proposta vitoriosa,
31 milhões de pessoas que hoje
não contam com nenhum seguro
de saúde, o equivalente a 10% da
população, terão até 2014 para
receber o benefício. Empresas
com mais de 50 funcionários deverão oferecê-lo aos empregados, e aqueles que não tiverem
recursos para bancar a sua parte
do seguro serão subsidiados pelo
governo -a parcela da ajuda federal será inversamente proporcional ao salário do segurado.
Calcula-se em quase US$ 900
bilhões, ou 6% do PIB, os gastos
no novo sistema -a ser despendidos ao longo de dez anos. Parte
desses recursos será recolhida
por meio de impostos incidentes
sobre os planos de saúde privados, o que vai encarecer em até
40% esta modalidade de serviço.
O aumento da carga tributária,
hoje de 28% do PIB, que o novo
programa acarretará -somado à
entrada do Estado na economia
depois da crise do ano passado-
vai diminuir um pouco a distância entre o modelo americano e o
Estado de bem-estar social de tipo europeu, onde o peso dos impostos é de pelo menos 40% do
PIB. Essa pode tornar-se uma
das marcas de Obama.
Já na frente externa, as dificuldades de seu mandato têm sido
ainda maiores. Dadas as características dos conflitos em que os
EUA se veem envolvidos, fatos
que propiciem anúncios de "vitória" são improváveis.
Em 2009, Obama sofreu desgastes ao tentar levar adiante
uma estratégia de negociação
com o Irã -frustrada pela radicalização do regime islâmico, ao
que parece em crise interna- e
ao procurar mediar o conflito
árabe-israelense.
No Afeganistão, o democrata
hesitou muito antes de tomar a
medida imposta pelos fatos: aumentar o contingente de militares no país, emulando seu criticado antecessor George W. Bush.
Concretizada a reforma da
saúde, o governo Obama ainda
terá pela frente, no topo de suas
prioridades, o desafio de lidar
com o fardo da crise na economia
americana. Evitou-se a depressão, mas os Estados Unidos vão
conviver, a questão é por quanto
tempo, com níveis de desemprego e de desequilíbrio fiscal historicamente elevados.
Frustradas as expectativas de
encaminhamento rápido para as
principais aspirações da política
externa do democrata, o desempenho na tentativa de reanimar a
atividade econômica nos EUA
será crucial para o julgamento do
primeiro mandato de Barack
Obama -bem como para suas
chances de sucesso na reeleição.
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