São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2011 |
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Editoriais editoriais@uol.com.br Mais integração Depois de meses de hesitação, os líderes europeus conseguiram costurar o tão aguardado pacote de estabilização da moeda única. O sucesso do plano depende, em primeiro lugar, da reestruturação profunda da dívida grega, com um corte de 50% no valor dos papéis detidos por investidores privados. O objetivo é levar a dívida da Grécia de 175% do PIB para 120%. O sucesso da medida dependerá de um elevado nível de participação voluntária dos credores, o que ainda não está garantido. Em paralelo, foi decidido que os bancos serão obrigados a aumentar seu capital Ðem cerca de € 100 bilhões de euros até meados de 2012Ð para enfrentar não apenas as perdas com a Grécia, mas também o risco com outros países. O ponto mais difícil do pacote é como aumentar o tamanho do Fundo Europeu de Estabilização, hoje em € 440 bilhões Ðinsuficiente para isolar Espanha e Itália de um ataque dos mercados. Sem acordo para colocar mais dinheiro, a solução encontrada foi ªalavancá-loº, como se diz no jargão. O fundo funcionará como um banco: para cada € 1 de capital próprio, vai assegurar mais de € 2 em empréstimos. Com isso, poderá movimentar € 1 trilhão. A complexa engenharia financeira requer a participação de investidores privados, do FMI e de países com grandes reservas internacionais, como a China. Nada disso está garantido. Por fim, selou-se um acordo para reforçar medidas de estímulo ao crescimento e de coordenação entre os países da União Europeia. Houve também menções a uma maior união fiscal no futuro, sem a qual o socorro não se sustentará. Uma ausência importante é o papel do Banco Central Europeu. A Alemanha se opõe a uma participação mais direta do banco Ðnão se sabe, por exemplo, se a instituição continuará a sustentar a periferia comprando títulos de países endividados que o mercado evita. Eis uma diferença fundamental em relação aos EUA e ao Reino Unido, que têm BCs dispostos a garantir que os respectivos Tesouros nunca ficarão insolventes, ainda que à custa de emissão de moeda. Se ainda não é o caso de selar a inflexão da crise, decerto foi dado um passo firme. Pressionados, os europeus caminham no sentido de uma maior integração, o que é bom para a economia mundial. Texto Anterior: Editoriais: O espectro de Malthus Próximo Texto: São Paulo - Hélio Schwartsman: Quanto mais gente, melhor Índice | Comunicar Erros |
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