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Alckmin tenta acabar com divisão no PSDB paulista
Governador busca conciliação após intervenção em disputa interna
Aliados oferecem cargo a deputado que controla o diretório estadual e desistiu de concorrer à reeleição após pressões
Depois de intervir diretamente na eleição para a presidência estadual do PSDB, o governador Geraldo Alckmin determinou a seus aliados que ponham fim na agenda de crise interna e busquem a composição com o grupo do deputado Pedro Tobias, que desistiu de disputar novo mandato à frente da sigla.
O deputado federal Duarte Nogueira, candidato do governador para a direção da sigla, desembarcará hoje em São Paulo para ter uma conversa com Tobias, que oficializou ontem sua saída do processo eleitoral interno.
Os dois têm um encontro marcado à tarde e a ordem é que Nogueira ofereça a ele espaços na nova executiva da legenda. O cargo que foi acenado pelo governo é a secretaria-geral. Apesar do trabalho nos bastidores, o governador não deu declarações sobre o assunto.
Tobias, que deixou o processo dizendo a aliados ter se sentido humilhado pelo governador, disse ao Palácio dos Bandeirantes que submeterá dois nomes para ocupar o posto. O emissário de suas sugestões será o secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas, que apoiava o atual presidente na disputa.
DISCUSSÃO
Ontem, o dirigente divulgou uma carta em que anunciou à militância do partido sua desistência. Nas redes sociais, antes de enviar o texto, ele disse que o PSDB tem que "aprender a disputar".
Na carta, ele afirmou que sempre buscou dar "transparência" às decisões da sigla e que trabalhou para trazer a militância para o "o centro das discussões" na sigla.
Tobias desagradou o Palácio dos Bandeirantes ao tentar mudar as regras da eleição para a presidência do diretório estadual do PSDB, marcada para o dia 5 de maio. Ele aprovou em congresso estadual norma que ampliava o colégio eleitoral de 105 delegados do partido para quase 5.000 militantes.
A mudança beneficiaria sua reeleição, já que ele está há dois anos no cargo e lida diariamente com essas pessoas. Além disso, o aumento do número de eleitores minimizaria a influência do governo no processo.
Tobias deixou a disputa após discutir com Alckmin, por telefone, na noite de anteontem. O governador havia chamado o dirigente para uma reunião com Nogueira no Bandeirantes, mas Tobias não apareceu.
Irritado, Alckmin telefonou para o atual presidente do PSDB e disse expressamente que era contra a manobra que mudava as regras da eleição. Ele ainda afirmou que, se Tobias insistisse nessa tese, não iria à convenção estadual, onde acontece a eleição dos dirigentes.
O recado de Alckmin deixou claro que, reeleito nessas condições, Tobias seria um presidente de partido sem o apoio do governador, das bancadas do PSDB na Câmara e no Senado e de prefeitos mais próximos a ele.
Na carta que endereçou aos militantes, Tobias não citou o governador, mas mencionou veladamente o descontentamento do governo com sua candidatura.
"Entendo que a política partidária é mais que disputar, ganhar ou perder. É preciso entender os sinais provenientes de todas as forças", escreveu."Que pese todo o apoio que recebi e recebo de nossa militância, decidi abrir mão da reeleição, deixando espaço para a composição e o entendimento."
Procurado, Nogueira disse que não gostaria de se pronunciar antes de falar com Tobias, mas afirmou haver espaço para uma composição "tranquila" entre os diversos grupos do partido.