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Crítica - Show

Há algo de incômodo em shows como 'Abraçaço', formatados para turnês longas

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

Há algo de incômodo nos shows formatados para atravessar várias cidades por meses. Não só porque artista e músicos repetem o modo como executam canções e agem no palco, mas também porque o público parece resignado a receber uma réplica do show-piloto, o da cada vez mais distante "noite de estreia".

Foi assim com o show de anteontem de "Abraçaço", de Caetano Veloso, no HSBC Brasil, em São Paulo. Para quem já havia visto os concertos de 2013, lançados até mesmo em DVD, não houve novidades.

Caetano cantou quase todo o novo álbum, bem recebido por uma plateia que conhecia letras e cantou junto "Um Abraçaço", "Quero Ser Justo" e "O Império da Lei". Simpático, dançou, abriu a camisa, aproximou-se do público.

Tudo pareceria muito enternecedor e espontâneo se não soubéssemos que esse gestual foi repetido meses a fio. O conjunto do show exibia sinais de desgaste devido à sequência de apresentações repetidas.

Os pontos altos foram as transições entre o repertório novo e as canções dos anos 1970/1980/1990. A poderosa reinterpretação de "Triste Bahia", baseada em poema de Gregório de Matos e no repertório de "Transa", introduz referências do exílio que contextualizam o trabalho atual.

"Eclipse Oculto" aponta o caminho seguido nos anos 1980, entre o pop e o psicodélico. Enquanto "A Luz de Tieta" exibe sua faceta mais comercial e "Força Estranha" reforça seus laços de amizade com Roberto Carlos, especialmente depois do desgaste de ambos no caso das biografias, no ano passado.

O HSBC Brasil continua sendo um templo do mau gosto do público consumidor de shows ao vivo em São Paulo.

Preços altíssimos por doses mínimas de bebidas, desconforto de mesas que estimulam o bate-papo e venda de serviços "especiais" conspurcam o clima do show.

Na saída do espetáculo, por exemplo, no caminho da plateia que saía sorrindo, um sujeito de macacão vermelho gritava sem parar indicando o local onde se deveriam buscar os carros. O público seguia obediente a direção indicada e distraía-se subindo imagens às redes sociais.

Os celulares, aliás, jamais foram apagados durante o show. Um casal fazia "selfies" em série, escolhendo os fundos e filtros. Os esforços de Caetano no palco não faziam diferença para os pombinhos.


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